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Urano em Touro

 

Estamos a poucos dias de se dar o evento astrológico mais relevante deste ano: a entrada de Urano em Touro.

Urano vai entrar no signo de Touro a 15 de Maio, mas, na verdade, para já, Urano fará apenas uma visita a Touro, porque em Novembro retrocederá até Carneiro (para despertar o último herói dentro de nós) e só entra “definitivamente” em Touro em Março de 2019 para aí transitar durante 7 anos (até 2026).

Aqueles entre nós que são “muito à frente” (como o Urano) provavelmente já têm vindo a (pre)sentir, de há uns tempos para cá, a vibração de Urano em Touro.

O que significa ou simboliza a entrada de Urano em Touro? O que importa saber sobre este trânsito? O que podemos antecipar sobre os próximos 7/8 anos com Urano em Touro?

Ao certo ninguém sabe (é que a vida é surpreendente e Urano é especialmente imprevisível), mas podemos usar o pensamento astrológico para combinar os símbolos e seus significados e assim discernir a intenção divina por detrás deste trânsito.

Do meu ponto de vista, e da forma mais sintética que consigo conceber, a função de Urano em Touro é simplesmente a de produzir a INSTABILIDADE necessária para DESPERTAR a consciência da humanidade na direcção dos VALORES PERENES, eternos, fora do tempo e para que RECUPEREMOS e ACTUALIZEMOS esses valores intemporais no contexto dos nossos dias, levando-nos assim a MUDAR A RELAÇÃO COM a TERRA, com a MATÉRIA, com o CORPO e com as nossas PRIORIDADES.

Deste modo, este período de aproximadamente 7 anos será naturalmente marcado por múltiplas e diversas formas de crises de valor e de segurança para que a humanidade possa redescobrir os seus valores essenciais e o que há de realmente seguro e estável na vida e em cada um de nós.

Gosto de olhar para este ingresso sobre duas perspectivas: uma global ou externa que ajuda a antecipar e dar entendimento às tendências das principais mudanças colectivas e outra interna  que pode ajudar a compreender qual a proposta de mudança que Urano em Touro nos faz individualmente.

Assim, fazendo “futurologia” global em grande escala, parece-me que ao longo dos próximos 7/8 anos, iremos provavelmente assistir a mudanças mundiais significativas nas principais áreas taurinas:

  • na área da economia, com perturbação acentuada no sistema financeiro, possíveis inovações importantes ao nível da moeda e seu uso, evolução ou mudança dos conceitos de riqueza e propriedade, invenção de formas alternativas de gerar sustento, descoberta de novos recursos/materiais e a aceleração do desenvolvimento das áreas de negócio ligadas à gestão, segurança, construção, cosmética, serviços de bem-estar e de contacto com natureza;
  • na área do ambiente, com a possível exaltação de movimentos ecológicos e revoluções verdes, desenvolvimento de tecnologias de informação para optimizar a produção agrícola, descobertas ao nível da geologia e revelações sobre a relação entre o Espaço e a Terra;
  • na área da alimentação/nutrição, com possíveis avanços tecnológicos nos sistemas de produção alimentar e simultaneamente uma renovada preocupação com a qualidade nutricional da comida, o que provavelmente fará com que as massas despertem (com um certo fanatismo) para filosofias alimentares mais naturais e dietas alternativas como o veganismo, a macrobiótica, o crudivorismo, a prática de jejuns, etc;
  • nas áreas ligadas à biologia, com a possibilidade de avanços notáveis ao nível da produção de tecidos, órgãos e membros artificiais, inovações nas técnicas de fertilidade, a disseminação de químicos para estimular sensações de prazer e uma qualquer forma de fusão entre a tecnologia e o corpo físico, provavelmente através do desenvolvimento de tecnologias de informação para aplicação intra-corpórea, como a implantação de chips sob a bandeira (falsa?) do aumento do conforto e segurança individual.
  • na arte, com o nascimento de novos movimentos artísticos (possivelmente aliados à tecnologia) que poderão acentuar o vazio seco da arte contemporânea (tornando-a anti-natura e intolerável) e simultaneamente despoletar a resposta antagónica de outros movimentos artísticos que reacendam a luz sobre o que é naturalmente belo para o ser humano.

Em todas estas áreas as mudanças que se vão observar irão muito provavelmente trazer para discussão a intervenção do homem sobre a natureza e os debates entre mecânico-orgânico, artificial-natural, palpável-especulativo, visível-invisível, matéria-antimatéria.

A mim, mais do que antecipar os grandes movimentos colectivos, interessa-me compreender e, se possível, potenciar os pequenos (grandes?) movimentos internos, individuais. Mas antes de analisar as propostas de mudança individual para as quais Urano em Touro aponta, importa rever o propósito da passagem de Urano em Carneiro e quais as principais mudanças à escala individual que ocorreram nos últimos 7 anos durante esse trânsito.

Em Carneiro, Urano activou em nós a urgência da autodescoberta e a coragem de nos libertarmos de todas as amarras que nos impedem/impediam de viver a vida com entusiasmo e paixão. Uns aderiram ao processo com prontidão, outros com muita resistência e medo, mas aos meus olhos, genericamente, no período que decorreu entre 2010/2011 até à data de hoje (e que estará activo até Março de 2019), tem havido uma forte onda de questionamento pessoal sobre identidade e vontade, como se em cada cabeça tivesse soado um alarme com estas perguntas:

  • Quem sou eu verdadeiramente?
  • O que é que eu realmente quero?
  • Como me posso afirmar melhor perante o mundo?
  • O que posso criar que seja um reflexo da minha identidade?
  • Qual é a minha guerra?
  • Como posso aumentar a minha liberdade individual e independência?

Como resposta colectiva (mais ou menos inconsciente) a estas questões assistimos, por exemplo,  a uma febre de empreendedorismo, ao despertar de um fascínio com os conceitos de liderança, poder criativo e liberdade individual, a um aumento de competição feroz entre iguais e à dificuldade crescente em aceitar restrições e controlo por parte de pessoas em posição de autoridade. Foi como se entre conflitos, divórcios e demissões quase tudo valesse em nome da conquista de liberdade, da independência e da construção do herói interno. Para lá das mortes, feridas e cicatrizes das guerras para onde a nossa consciência nos dirigiu, espera-se que estes últimos 7 anos tenham servido para criar (senão, pelo menos abrir caminho para) uma vida realmente nova, livre dos emaranhados do passado e em maior sintonia com a verdadeira identidade individual.

Agora, Urano vai sair de Carneiro para entrar em Touro e assim a urgência de conquista de independência e de espaço para a identidade e a iniciativa dará lugar à necessidade de acelerar o processo de enraizamento, valorização pessoal e redescoberta de prioridades e da verdadeira segurança na vida. Como dizia uma amiga há uns dias “não é só lançar sementes, é preciso conhecer bem a terra e saber como cuidar dela”.

Deste modo, nas nossas mentes individuais, novas questões, relacionadas com Urano em Touro, farão ecos insistentes, na tentativa de nos alinhar com os nossos valores fundamentais e de dar consistência à identidade nova criada nos últimos 7 anos:

  • Afinal, qual o valor que tenho? Como me posso valorizar mais correctamente?
  • Como posso fazer render os meus talentos e ser mais produtivo/a?
  • Quais são as minhas prioridades na vida?
  • Quais os valores que para mim são intemporais e o que faço para os viver na prática?
  • Valeu a pena aquilo que fiz (ou que não fiz) nos últimos 7 anos?
  • Como posso tirar proveito/benefício das mudanças que já fiz?
  • Como posso dar continuidade às iniciativas que tomei e fazer crescer raízes fortes nos meus empreendimentos?
  • O que posso fazer para “sacudir” a inércia e ser mais determinado/a?
  • Do quê e de quem preciso desapegar-me?
  • A que é que associo segurança e conforto?
  • Quais as falsas formas de segurança e conforto de que me devo desprender?
  • De que desejos nocivos é urgente libertar-me?
  • Como posso melhorar a relação com o meu corpo?
  • Como posso despertar para a sabedoria inata do meu corpo?
  • Quais são as reacções físicas espontâneas do meu corpo às diferentes situações? Estou atenta a esses sinais e ajo em conformidade com eles?
  • O que preciso fazer para simplificar a minha vida e sintonizar-me com a natureza e os ritmos da Terra?

Estas são algumas das questões genéricas que me ocorrem e que obviamente não esgotam o potencial simbólico de Urano em Touro nem pretendem (nem podem) substituir a análise individual deste trânsito sobre o mapa astral específico e a vida particular de cada um, o que só pode ser feito em diálogo privado numa consulta de Astrologia (serviço para o qual estou disponível).

Desejo (ups!) a todos uma excelente inquietação taurina e que as agitações e revelações dos próximos 8 anos nos ajudem a bordar com linhas de ouro e em ponto de cruz uma vida mais natural, simples e pacificada para a Humanidade no bastidor de Touro que é o círculo da Terra. Só assim poderemos preparar-nos para o novo papel que a Humanidade terá que desempenhar quando Urano entrar em Gémeos.

 

 

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Lua Nova em Peixes

Amanhã dá-se a Lua Nova em Peixes. Esta lunação faz-te entrar em contacto com uma fragilidade ou dor que já não é nova.

A tua fragilidade que contactas agora, pode ser física, emocional, mental ou espiritual e tem um caracter pisciano, isto é, é imensa, é insidiosa, é difícil de analisar, impossível de controlar é subtil, quase vaga… mas, ainda que não se veja, existe… e sente-se. Sentes?

Ao nível físico pode ser sentida como uma dor ou problema persistente ainda sem diagnóstico ou tratamento eficaz (No sistema linfático? No sistema nervoso? Nos pés? Na topo da cabeça? Uma estranha alergia? Ossos fracos?…).

Ao nível emocional pode ser vivida como a dor de um coração que não se liga a outro, que se sente sozinho (porque rejeita ou é rejeitado) que está perdido.

Ao nível mental pode ser a constatação de que se é demasiado idealista, desligado da realidade e dos factos, utópico, nada prático…

… e ao nível espiritual (sei lá eu!) pode ser a dor de quem se sente insignificante ou esquecido por Deus, incapaz de elevar a sua vibração o suficiente para sentir que está verdadeiramente à altura do Serviço que lhe coube e que é digno, nobre, fonte de Graça para todos.

A grande bênção desta lunação é que, ao mesmo tempo que nos põe em contacto com essa fragilidade ou dor (cada um terá a sua), dá-nos a oportunidade de iniciar, retomar ou concluir um processo de cura. Sim, um processo de cura acelerada e facilitada (é que já não há paciência para esta p0rr@!). Cura!

A cura, que esta lunação evoca, tem um método: requer antes de mais uma decisão pela direcção a seguir e também algum tipo de sacrifício (talvez o sacrifício de todas as outras direcções que não são para seguir agora). Regra geral não gostamos de fazer sacrifícios, principalmente se ninguém estiver ali a reconhecê-los e a aplaudi-los, mas este sacrifício tem muito de silencioso, secreto não é para ser escancarado. Qual é o sacrifício que a vida te pede agora para que te cures da tua fragilidade?

Para além de uma decisão sobre a direcção a tomar e o sacrifício a fazer, o método implica também forte auto-controlo e presença de espírito de modo a garantires que te mantens no processo de cura, custe o que custar (é preciso esforço). Em vez de fugires do desconforto, parece que agora é muito mais útil dares um passo atrás e manteres-te no “fogo” que o processo provoca, pois é com esse calor ardente que a Vida pode cozinhar uma versão melhor de ti e curar-te, se tu deixares. É que com Peixes escapar e estar ausente é fácil e (apesar de Saturno em Capricórnio) este processo de cura acelerada e facilitada não é obrigatório, é uma escolha.

Em suma: Toma atenção à tua dor ou fragilidade particular, recorda as opções no teu caminho e escolhe uma direcção a seguir. Faz o sacrifício necessário. Não fujas da dor e mantém-te presente no processo de cura, ainda que este seja um lugar estranho e (para já) desconfortável. Esforça-te. A promessa é a cura acelerada e facilitada, chave de uma profunda libertação.

 

Nota 1: para astro-curiosos estas são as observações astrológicas que levaram a esta interpretação: Lua Nova no último decanato de Peixes, no grau 26 (“The harvest moon illumines a clear autumnal sky”), no duad de Capricórnio (sistema, método). Conjunção com Quíron (dor/cura), quadratura com Marte em Sagitário (pressão para escolher uma direcção e ser missionário) e semi-sextil a Urano (intuir a urgência para decidir e avançar, arriscar). Trígono (harmonização que facilita) com Júpiter (o que salva) retrógrado (interiorização) em Escorpião (transformação, profundo) que é um dos dispositor da lunação. Neptuno, o outro dispositor da lunação, porque está em regência (puro, forte e autónomo), torna a lunação mais impactante.

Nota 2: Se tiveres algum ponto importante do teu mapa no grau 26 de Peixes (ou ali muito perto) então é natural que este mês seja particularmente importante para ti no teu processo de desenvolvimento e que sintas esta lunação com maior intensidade do que os outros.

Nota 3: A ti, que tiveste a paciência de ler isto tudo até ao fim, o meu agradecimento pela dedicação. Se te fizer sentido, se achares que pode ser útil a mais alguém, ajuda-me a partilhar.

 

Feliz Lua Nova de Peixes!

Eclipse Lunar na Lua cheia em Leão

Na última Lua Nova o convite foi que te abrisses à inspiração sobre a tua missão e que a nutrisses com todo o zelo e cuidado. Mas, eis que hoje chegou o Eclipse da Lua cheia em Leão e, antes que pudesses exibir, de peito feito, um bom resultado da tua missão, abre-se nele, no peito, um senhor buraco negro… um buracão! É a vergonha por algum descrédito ou desvalorização alheia? É medo de não ser aceite? É uma sensação de distância e isolamento e o temor da solidão?

Assim, para já, em vez de uma missão cumprida, parece que o que tens é uma missão comprida… tão comprida que sentes que, por mais depressa que a ponhas a correr, nunca mais atinges a p#t@ da meta, nem te deitas tão cedo na cama feita das rosas que sonhas que te lançarão no momento da tua desejada vitória.

Na minha visão, este eclipse fura planos egoístas, traz frieza no olhares externos, encontros desmarcados e tantos outros inesperados e uma profunda insatisfação com o que tens feito e tudo isto tem como propósito pôr-te a questionar a forma concreta que estás a dar à tua criação.

O foco na validação exterior fez-te esquecer que a ideia original não é obter o prazer do aplauso e da aprovação mas contribuir à tua maneira especial e única para uma sociedade mais bonita, para renovar os verbos que movem o mundo, custe o que custar e leve o tempo que levar?

Este eclipse exige mudanças na tua forma de actuação, para que voltes a atenção e a liderança da tua vida para o que é central e essencial para a alma que és, para a tua missão e preenchas o vazio que o eclipse abriu no teu peito com o que em ti é mais brilhante e amoroso, com o que vem directamente do coração. E sem dependeres de sinais externos de aprovação, que transbordes a partir do teu peito isso que crias, que é teu, que és tu, que é luz, para o mundo, em generosa doação!

Mas se (porque és humana/o) perdeste a motivação para a tua missão ou sentes falta de integração social, talvez agora ajude entrar numa espécie de colaboração com outros do teu grupo de loucos, numa união de mentes e projectos complementares para uma mais funcional e ampla participação – é que no limite o que importa não é a tua vitória solitária, mas cumprires, em fraternidade, a tua missão solidária!

Lua Nova em Capricórnio

Nos últimos 15 dias, muitos de nós, tivemos que deixar correr o rio emocional e gradualmente aceitar a inevitabilidade de ter lidar com a vida real, com o mundo lá fora e com as consequências das nossas decisões passadas, principalmente aquelas em que entregamos nas mãos de alguém, em quem não confiávamos totalmente, algo “nosso”, valioso, sobre o qual deixamos temporariamente de ter controlo mas não responsabilidade.

Durante o processo de “deixar correr o rio” e de assumir a responsabilidade integral pelos resultados da nossa vida, fomos também revisitando velhos planos, arrumando memórias e limpando espaços físicos e ferramentas oxidadas e nisto, quase sem darmos por isso, foram surgindo ideias e condições para reactivarmos um importante projecto, actividade ou missão que no passado, por distracção e falta de amor à Vida, tinha ficado inacabada, adormecida.

Nos últimos dias, é provável que cada um de nós, de diferente maneira, tenha sido recordado do trabalho essencial que veio cá (à Terra) fazer. Por estes dias, com Plutão, Saturno, Lilith, Vénus, Mercúrio e também Sol e Lua em Capricórnio, é preciso ser muito infantil ou estar a dormir para não perceber quão sério é este chamado.

Esta Lua Nova, em exacta semi-quadratura minguante com Neptuno em Peixes, impregna-nos com renovadas visões criadoras sobre as possibilidades de cumprirmos o dever da nossa alma (Viste? Qual foi a visão?) e, sendo em Capricórnio, emprega-nos nessa missão prioritária e intransmissível que há que cumprir diariamente, com zelo e rigor, com esforço, foco e disciplina, com a agenda sempre à mão e com ouvidos (os internos e os externos) bem abertos, para podermos responder prontamente à Vida a cada pedido urgente de ponto de situação.

Mas, a semi-quadratura minguante é também um aspecto astrológico de teimosia e dissociação e sendo com Neptuno (símbolo de ilusão) há que ter em atenção o perigo da insistência insidiosa da fantasia e da negação, que agora se podem traduzir em comportamentos de fazer de conta para nós mesmos que não sabemos ao que viemos, que não tivemos nem podemos ter uma visão sobre objectivos a atingir ou que não temos como a realizar.

Assim sendo, nesta Lua Nova, toma atenção e abre-te à inspiração da tua visão. Mas se ela não te surgir naturalmente durante a meditação, usa a força criativa da imaginação para visualizares a realização de uma importante ambição de alma. De uma maneira ou de outra, garante que, nos próximos tempos, geres a tua vida norteado/a por um forte compromisso com a tua missão.

Lua Cheia em Caranguejo – deixar o rio correr

Por estes dias, há já uma ideia um pouco mais clara do estado em que está a “coisa” a gerir.

Se houver mais amargos que é preciso engolir… melhor é abrir a boca, trazer para dentro, sentir e deixar fluir. Porque depois de escorregar na falta de preparação, cair de joelhos na dureza do chão, de confrontar o império real e informações que até custam a crer… há que deixar o rio correr.

E se receberes mais bênçãos que te façam sonhar… melhor é abrir a boca e deixar os dentes brilhar. Porque depois de tanto trabalho, estratégia e organização, de esculpir a realidade com o cinzel da vocação, também há tempo para as recompensas e o prazer… é só deixar o rio correr.

Feliz Lua Cheia em Caranguejo!

Saturno entra em Capricórnio

À sombra do mistério da última lua nova, sem unha de luz de prata para aclarar o céu da noite, chega Saturno, o administrador do zodíaco, a 20 de Dezembro de 2017, às 04:49, à porta da sua empresa “Capricórnio”.

Saturno já não visitava Capricórnio há 26 anos (!) e achou que estava na hora de voltar, não só para averiguar em que estado se encontrava a sua empresa de serviços humanos, mas acima de tudo para partilhar com os seus sócios e funcionários todas as aprendizagens que fez nos últimos (muitos) anos e toda a mestria que desenvolveu e assim, com estes novos conhecimentos e experiências, poderem definir novo plano de negócios, estabelecer melhores objectivos e estruturar novos empreendimentos para os próximos 28 anos.

O velho Saturno estava cansado da longa e intensa viagem que fez por todos os signos do zodíaco, mas, como sempre, pôs o dever antes do prazer e portanto, em vez de ir dormir, decidiu aparecer de surpresa, a meio da noite, no edifício de Capricórnio, na esperança de ficar um pouco sozinho na empresa e assim, em segredo (não fosse algum dos seus funcionários descobrir que no lá no íntimo é um sentimental), matar saudades daquelas paredes de pedra, altas e frias, projectadas e construídas com as suas próprias mãos, desde o início dos tempos.

Meteu, automaticamente, a mão no bolso do seu fato cinzento à procura da chave da porta mas, rapidamente bateu na testa em gesto de auto-reprovação, pois lembrou-se que tinha perdido as chaves no mar [Saturno quadratura com Quíron em Peixes] há um ano atrás, numa reunião (muito pouco profissional), no iate do relaxado Júpiter.

– Como é que vou entrar na minha empresa, a esta hora da noite, sem chave? – Perguntou-se.

Saturno, super calculista e avisado, nada faz sem primeiro consultar o relógio dos magos e levantar o horóscopo (hora-skopos) para averiguar se as suas pretensões estão em consonância com a energia do momento. Apesar de ser já bastante velho e levar muito tempo a fazer quase tudo, Saturno é também sócio gerente de uma empresa vizinha de novas tecnologias chamada “Aquário” e portanto sacou facilmente do seu tablet de última geração e imediatamente analisou o mapa astral do momento. Então, viu que era hora de Marte (força e aventura) que o ascendente do momento era Escorpião (determinação, segredos e investimentos) e que o regente Marte, poderosíssimo em Escorpião, estava na casa 12 (do escondido, invisível, difícil de detectar) pelo que considerou que poderia com facilidade entrar na empresa à socapa (não seria ilegal, afinal a empresa é dele), pela janela larga e mal fechada do departamento de contabilidade [Sagitário na cúspide da casa 2]. Assim fez e entrou.

Já dentro de Capricórnio, mas ainda no escuro, não chegou a dar meia dúzia de passos e escorregou numa espécie de corda deslizante que o fez cair de joelhos.

– Diabo! O que é isto? – perguntou zangado.

– Sssaturno, sssou eu, Lilith, a Serpente. Não te lembrasss de mim?

– Lilith, a Lua Negra… Certo… Eu cheguei agora mesmo de viagem, mas perdi as chaves… e entrei às escuras pela…

– Sim, eu sei, eu vi. Estava à tua espera! Bem-vindo à tua empresa! Vou acender-te a luz.

– Lilith, tu trabalhas aqui?

– Essstou aqui em Capricórnio, durante uns 9 mesessss, a realizar um projecto universal de incubação de novassss e melhores empressssas… entretanto, faççço a vigilância nocturna do teu edifíccccio.

– Muito bem.

– Saturno… ssssei que acabaste de chegar mas, há algumas coisassss que é urgente ssssaberes… e é o meu papel alertar-te, ssssempre. Tenho toda a informação de que precisasss para ficaresss ao corrente da realidade, aqui, neste Macintosh da Apple… Mas aviso-te que quando vires esta informação, quando tomares conhecimento, cairás do paraíso, não será fácccil. Estássss preparado?

– Eu sou Saturno, eu estou sempre preparado para a realidade, Lilith, mostra-me.

 

Lilith ligou o computador com a maçã e mostrou a Saturno vários documentos, fotografias, gráficos, tabelas, relatórios e todos os resultados bons e maus das vidas individuais e colectivas da humanidade e, simultaneamente, ia-lhe dizendo:

– Podia falar-te já da enorme tensão que ocorre mesmo agora entre a Dra Lua, Urano e Plutão mas, para ser sssucinta vou falar ssssó do essencial. Há 9 anos, Plutão entrou aqui em Capricórnio, enviado por Deus, com um projecto de remodelação total do sistema de organização desta empresa e da vida de todos os humanos e, sem dó nem piedade, tem vindo a destruir todas as estruturas doentias que já não servem o propósito divino e que não têm a verticalidade necessária à evolução da consciência humana… Apesar de alguns valentes vanguardistas terem aderido intuitivamente ao processo, a verdade é que tem sido assustador para a maioria das pessoas. Muitos tentaram (e ainda tentam) em vão resistir à destruição desta velha organização social com medo de não sobreviverem sem ela, tão separados que estão das leisss naturaissss. Foi então que em 2010, Urano, o teu sócio na empresa Aquário, impaciente e revolucionário – tu sabes como ele é – encheu-se de força e veio acelerar ainda mais o processo de mudança com ideias novas, futuristas, ideias de independência e de liberdade que foram despertando, aos poucos, mais pessoas para a sua identidade, para a sua criatividade e autonomia e para o processo de individuação… veio também gritar aos ouvidos das pessoas os ideais de fraternidade e ideias para a criação de comunidades novas de seres humanos mais autênticos, de novos sistemas organizativos mais simples e livres da prepotência e do controlo da plutocracia… enfim tudo ideias que a maioria da humanidade deseja experimentar mas que ainda não se sente preparada nem suficientemente madura para as poder viver… mas, ainda assim, já nada é como era antes, Saturno! O processo de desconstrução dos sistemas corrompidos, o processo de desmascarar e destituir os falsos líderes vai a meio e há agora todo um trabalho árduo pela frente de gestão de recursos, de planeamento estratégico do que será o futuro desta empresa e, portanto, das vidas dos humanos e de dedicação ao compromisso de organizar e construir o que Deus pretende para nós. Este trabalho terá que ser liderado por ti, Saturno, que és o gestor disto tudo!

 

Saturno ouvia muito atentamente, de olhos arregalados e boca seca, mudo e gelado como uma rocha no Inverno, mas viam-se bem as grossas gotas de suor que lhe escorriam pela testa ao antecipar com toda a clareza o colossal trabalho e a gigantesca responsabilidade que terá pela frente durante os próximos 3 anos e ao qual terá que se entregar com todo o corpo e a tempo inteiro para honrar o seu refinado senso de dever. Lilith continuou:

– Sei que, nos últimos anos, enquanto viajaste por Sagitário, tiveste (felizmente) várias visões inspiradas para o novo rumo (mais ético, mais verdadeiro, mais sábio, mais natural) que irás dar à tua empresa e às nossas vidas e por isso, estávamos todos desejosos que cá chegasses para começares a pôr ordem nisto. Sei também que tu, Saturno, já não és o mesmo e que tens agora toda a experiência e competência necessária para desempenhares esta missão ao mais alto nível – agora é a sério.

 

Saturno ficou tenso e preocupado. Sim, agora era mesmo a sério. Sabia bem o que terá que fazer daqui para a frente: Uma profunda auditoria ao estado actual, uma séria avaliação dos resultados obtidos nos últimos 28 anos, contabilizar ganhos e perdas, premiar os humanos disciplinados que desempenharam com sucesso as suas tarefas e corrigir com firmeza os incompetentes que se deixaram desviar, definir objectivos novos, formular estratégias e planos de acção para atingir os objectivos, controlar o tempo, ser eficiente, trabalhar, trabalhar, trabalhar e acima de tudo ser um bom modelo, dar o exemplo. Então Saturno, tossiu, ajeitou a gravata e com voz solene disse:

–  Vou assumir a minha autoridade, dar o meu melhor no meu serviço a todas as horas, gerir com responsabilidade tudo o que estiver sobre a minha alçada e contribuir para criar as estruturas e as condições necessárias para a vida nova que Deus quer e o homem sonha. Ambiciono o êxito desta missão, que tem tanto de individual como de colectiva, e calculo que, se todos os humanos assumirem comigo este mesmo compromisso, será um verdadeiro sucesso!

Com estas palavras, ditas como lei pela boca de Saturno, Lilith, a serpente, sibilou de feliz. A noite (do dia, do ano e da humanidade) já ia muito, muito longa e aos poucos começaram a sentir o aproximar da luz do Sol, de um novo dia e de uma nova Vida.

Lua Nova em Escorpião – do confronto ao Poder

Esta manhã, deu-se a Lua Nova no grau 26 de Escorpião. A ausência da Luz lunar em qualquer lua nova abre as portas para a criatividade, subjectividade impulsiva e para o mistério e, a meu ver, a Lua Nova de Escorpião (que ocorre todos os anos por esta altura) é de todas a mais interessante, já que o simbolismo de Escorpião reforça a nota convulsiva de magia e de intensidade.

Esta lunação parece-me extremamente interessante pela oportunidade de transformação pessoal e a possibilidade (acredito que para poucos de nós) de promover um aprofundamento curador ao nível da intimidade.

Aos meus olhos, é como se estivéssemos a ser violentamente puxados para dentro de nós, para uma profunda e importante transformação pessoal que se dará através de processos de confronto, discussão, de conflito ou de lutas pelo controlo por medo de sermos vítimas de aprisionamento, de asfixia ou de abuso [Marte em Balança em quadratura com Plutão em Capricórnio como dispositores do Sol e da Lua em Escorpião].

Estes processos tensos e desagradáveis de discussão, mais ou menos claros e assumidos, mostram que uma importante relação (íntima, profissional, social…) atingiu de certa forma um clímax, ou seja, deu já os frutos que tinha a dar [quadratura minguante]. É, portanto, crucial para o desenvolvimento futuro das partes envolvidas que se opere uma mudança substancial na relação. Esta mudança pode traduzir-se quer no iniciar de uma fase de despedida (com corte mais ou menos doloroso) quer no iniciar de uma fase de amadurecimento e aprofundamento do relacionamento (não só através da exposição segura e mútua da sombra mas também com o planeamento estratégico de um propósito novo para essa relação – já que o propósito anterior se esgotou).

O ego [Marte] quer sempre ganhar e sobreviver mas, às vezes (principalmente se Marte estiver em Balança em quadratura com Plutão) vale bem a pena desistir da vitória individual e trabalhar conjuntamente no sentido do empate que agrada a ambas as almas, que ganham juntas (ou separadas). Então, há nesta lunação o perigo de nos deixarmos conduzir mais ou menos inconscientemente pelo desejo cego de levarmos a nossa avante e ganharmos a taça a qualquer preço.

Parece-me, assim, que o mais importante nesta fase de negociação (independentemente do resultado prático ser corte ou aprofundamento) é redobrar a atenção sobre os impulsos internos que nascem do medo, num processo de autocontrolo e autovigilância, reflectindo mais (muito mais!) antes de nos manifestarmos de modo a evitar as reações automáticas (quase inconscientes) de competição, de vingança, de manipulação e de destruição [Marte em Balança, quadratura minguante com Plutão]. Não digo que a ideia seja suprimir a vontade própria ou a espontaneidade, mas sim que é necessário observarmos e investigarmos com devotado interesse e maturidade as motivações ocultas por detrás dos nossos próprios actos impulsivos e implacáveis e moderá-las [Marte em Balança], assumindo a nossa parte de responsabilidade pelo ponto a que se chegou. Idealmente, se se trata de uma relação íntima de amor haverá com certeza o espaço e a confiança necessária para partilhar o nosso lado negro e magoado (sem medo de sermos logo abandonados), mostrando ao outro onde nos dói e como e porquê nos estamos a sentir intimidados.

Dá trabalho e é pouco agradável (para usar o eufemismo), mas este processo de debate, confronto ou conflito é exactamente o que nos permite abrir um importante alçapão interior onde se encontra a chave para o reconhecimento e a cura [Lua Nova trígono a Quíron] de algumas partes ainda não amadas e por isso mesmo amedrontadas em nós.

Saturno e Urano em trígono em signos de fogo, fazem, respectivamente um semi-sextil e quincôncio com a Lua Nova e, para mim, isto é simplesmente a indicação de que se não sucumbirmos à tentação de ignorar o convite ao confronto, se não fecharmos os olhos aos monstrinhos feios e mal amados que vivem dentro de nós e nos entregarmos então à tarefa árdua de fazer importantes ajustes para a mudança estrutural do relacionamento íntimo connosco e com o outro, então despoletamos um fabuloso fluxo criativo na nossa vida, com o qual provavelmente não contávamos e que se transforma em fonte de um novo e verdadeiro Poder pessoal.

Júpiter em Escorpião

Júpiter em Escorpião (submundo, intimidade, mistério, poder)

Sempre que um planeta muda de signo, a vida faz-nos uma nova proposta. É como se o planeta fosse uma espécie de voz da consciência com um intuito específico e o signo fosse o assunto ou o tipo de mensagem que a voz nos traz aos ouvidos.

Há umas semanas atrás (mais concretamente a 10 de Outubro – tchiii, já lá vai um mês) Júpiter entrou em Escorpião e em Escorpião continuará até 8 Novembro de 2018. São, portanto, mais 12 meses em que Júpiter (o nosso guru interior) nos falará ao ouvido, num tom escorpiónico, a cada instante relembrando o seu convite a quem o quiser escutar, aceitar e responder.

Aos meus olhos (ou ouvidos) o resumo do convite de Júpiter em Escorpião é o seguinte:

“ Explora o teu submundo, aventura-te na intimidade, abre-te ao mistério e desenvolve o teu poder!”

Submundo, intimidade, mistério e poder são para mim as 4 palavras-chave nas quais arrumo e agrupo o essencial de escorpião.

Júpiter expande tudo em que toca e, em Escorpião, são (a meu ver) estes os principais assuntos que serão ampliados nas nossas vidas de modo a promover o nosso crescimento pessoal:

  • Submundo – como inconsciente, profundidade, recalcamentos, impulsos, desejos, obsessões, instinto, traumas, mágoas, sombra, pecados, medos, tabus, “lixo”, potencial, tesouros, etc.;
  • Intimidade – na formas de “casamento”, parceria, partilha, privacidade, exposição da vulnerabilidade, emoção intensa, paixão, fusão, sexualidade, orgasmo, alquimia, linhagem genética, segredos, traição, etc.;
  • Mistério – na forma de magia, transformação, morte, cura, regeneração, iniciação, esoterismo, xamanismo, hermetismo, etc.;
  • Poder – nas formas de criatividade, destruição, guerra, influência, controlo, manipulação, sedução, ameaça, abuso, dominação, sobrevivência, dinheiro, dívidas, investimentos, etc..

Assim, em Escorpião, Júpiter pede-nos para… :

  • … arriscarmos escavar nas zonas mais escuras e desagradáveis do nosso ser, de modo a que possamos encontrar ou recuperar um pouco mais de paz de espírito, de potenciais e de tesouros/talentos (Touro – o signo oposto) que estão enterrados debaixo de grossas camadas de medo e de dor. Para tal, é possível, por exemplo que a vida nos traga memórias traumáticas, situações ou encontros com pessoas que despertam o nosso lado mais sombrio e magoado, aquele que assustado se esconde ou reage violentamente para se defender de ameaças e que se mantém em desconfiada vigilância, na tentativa de ter maior controlo sobre as circunstâncias da vida. Júpiter sugere uma expedição ao nosso submundo e aconselha-nos a baixar a guarda, a encarar o bicho papão de frente e se possível perdoar e libertar a emoção que ficou presa no momento do passado em que a “coisa” não correu bem.

 

  • … confiarmos em mergulhar mais profundamente no poço da intimidade. Isto implica, creio, desenvolver a capacidade de nos vulnerabilizarmos: primeiro, perante nós mesmos, reconhecendo e aceitando o que transportamos dentro de nós, no coração (“in-timo”) e no sangue, sejam feridas muito antigas onde não queremos tocar, sejam as nossas motivações mais profundas e fortes, as nossas paixões; depois perante aquele ou aqueles outros com quem temos a oportunidade e a sorte de partilhar o que somos e o que temos. É então possível que a vida nos coloque o desafio de ter que ultrapassar obstáculos de vergonha, de culpa, de posse e de medo de traição, exacerbando as nossas emoções no processo. Talvez seja oportuno libertarmo-nos de um velho segredo fazendo dele um “lugar comum”, enquanto simultaneamente desenvolvemos um novo conceito de privacidade e descobrimos formas mais abrangentes e libertadoras de sexualidade, de entrega e de fusão.

 

  • … nos abrirmos aos mistérios da vida para desenvolver sabedoria sobre as leis essenciais da vida e da morte. Durante o trânsito de Júpiter em Escorpião, talvez nos vejamos envolvidos nalguma forma de rito de passagem, entre mundos, entre aquilo que já não somos e aquilo em que ainda não nos transformamos totalmente. Talvez nos sintamos mais motivados a ir além das aparências e do óbvio, a ir além das soluções rápidas empacotadas em embalagens modernas de abertura fácil, a querer contactar filosofias antigas, escolas de mistério e investigar conhecimentos sagrados, numa verdadeira rendição ao que é natural e essencial e procurar sentidos realmente mais profundos para as situações que experimentamos e com esse novo entendimento sobre nós mesmos e sobre as leis universais transversais a todas as culturas e civilizações, conseguir operar no dia-a-dia as transformações necessárias à cura do que em nós ainda sofre, regenerando as nossas crenças e a nossa atitude e fazendo assim a magia de alterar a realidade em que vivemos.

 

  • … alargarmos a nossa visão sobre poder. Formas de aparentar poder há muitas… e nos próximos meses (à medida que nos libertamos de algum do nosso karma) lidaremos com muitas delas que mais não são do que expressões do medo como o controlo, a manipulação, a vingança, a ameaça, o abuso… são jogos para dominar ou subjugar alguém a que recorremos quando não estamos realmente conectados com aquilo que para mim (até ao momento) é o único e verdadeiro significado de poder e que é CRIATIVIDADE. Não será à toa que o símbolo de “Power” dos equipamentos eléctricos é constituído por um traço ou tronco vertical e um círculo aberto, um crescente, que o apoia e envolve em clara alusão ao pénis e à vagina, ao espermatozoide e ao óvulo, criadores de vida. Enquanto Júpiter transita por Escorpião é possível que algumas direcções em que temos caminhado cegamente e crenças tontas sob as quais nos temos orientado nos conduzam a becos escuros sem saída (“dead ends”) e a algum tipo de desespero intenso do qual nos salvamos descobrindo e explorando a raiz do nosso verdadeiro poder, a força de vida na origem de tudo: a nossa criatividade. Júpiter em Escorpião, mais do que sobreviver quer que prosperemos e nesse sentido assinalar-nos-á o caminho com visões sobre o nosso poder, isto é, sobre as nossas formas particulares e especiais de unir os elementos simples que estavam separados e assim fazer uso do nosso potencial criativo gerando filhos, soluções, obras, ideias, movimentos, grupos, arte, negócios, actividades… enfim criando, dando vida ao que antes não existia.

A viagem nas águas de Escorpião já começou, o guru inspirador estará aí sempre junto ao ouvido lembrando o convite e a missão que tens em mãos e se embarcas na aventura talvez daqui a 12 meses olhes para trás e vejas quantas mudanças extraordinárias fizeste, o quanto cresceste e o alívio que sentes por tudo que desmistificaste, partilhaste, curaste e que criaste e possas então dizer com toda a propriedade:

“Exploro o meu submundo, aventuro-me na intimidade, abro-me ao mistério e desenvolvo o meu poder!”

Próximo local de atendimento em preparação

À medida que o meu anterior local de atendimento para consultas e aulas de Astrologia vai contando os seus últimos dias de existência, vou desbravando o submundo da minha própria casa (qual Júpiter em Escorpião), corajosamente aspirando teias de aranha com a mão direita e (sabe-se lá como) “destralhando” monos e recordações de família com a mão esquerda…. e nisto abre-se o espaço e a possibilidade de explorar os velhos recursos da cave de uma forma totalmente nova (ao gosto dos trânsitos de Plutão).

Assim, entre latas de tinta branca, jornais velhos, serrotes ruidosos, chaves de fendas, lágrimas, alguma expectativa e muito suor dedico-me (finalmente), a preparar o cenário do meu próximo local de atendimento. É próximo, não só porque é o seguinte (next!) mas, principalmente porque está muito, muito perto de mim, do meu presente e do que sou intimamente (cheia de livros por ler, velharias, telas mal pintadas, escura, desarrumada, pouco visitada…).

É aqui mesmo, na minha casa, 11 degraus abaixo do piso 0, num quarto subterrâneo, no meu submundo físico, junto ao cavalete de madeira onde finjo pintar e ao piano pesado e desafinado que resistiu a várias gerações de Sousas e Bernardes de Carvalho e que ainda não sei bem tocar.

Vejo neste espaço um lugar uterino para os nossos encontros astrológicos: o chão é vermelho sangue, pela porta interior recebe o calor de uma salamandra acesa, pela porta exterior o ar húmido do mar de Leça e, se aberta, permite ver um pátio com degraus para um jardim e a caixa de escoamento das águas pluviais – simbolicamente perfeito para o novo propósito que lhe desenho.

Receber pessoas em casa, no caso clientes, deixa-me (confesso) com a ansiedade e a preocupação que tem atravessado tudo que faço pela primeira vez (Ascendente em Virgem). Mas, acredito também (porque sei que tudo que acontece comunica significado) que será a inauguração de uma fase mais profunda e íntima de trabalho com as Pessoas via Astrologia. Fase em que já não me limito a atendê-las, antes recebo-as dentro (de casa e da alma), albergo-as por hora e meia e, se houver vontade e espaço a que me recebam também,  descemos juntas até ao fundo, de degrau em degrau, até às sombras e riquezas do submundo, abrimos o livro de mistério, pintamos quadros futuristas, fazemos música alternativa, escoamos águas caídas e visualizamos jardins sob a luz da Astrologia.

A estética de Balança

No Equinócio da passada sexta-feira, o Sol entrou em Balança, o segundo signo de Ar, que é símbolo de estética, cultura, erudição, julgamento e de refinamento através do equilíbrio com outro.

Em Gémeos (o primeiro signo de Ar), aprendemos pelo questionamento e recolha de informação que são frutos da espontânea curiosidade e experimentação pessoal. Já em Balança não há à partida essa abertura inocente de Gémeos (até porque é em Balança que se exalta Saturno o planeta dos limites e da imagem social). Então, ao contrário de Gémeos, em Balança há perspectivas, “conhecimentos” e conceitos já formados e fechados com a chave da nossa própria mentalidade e educação, já “preparados e embalados” na mente prontos a servir à mesa de qualquer conversa. Mas, porque não somos perfeitos nem seres acabados, essas perspectivas, “conhecimentos” e conceitos estão também e acima de tudo prontos para serem testados e/ou desenvolvidos através da partilha e do debate justo e franco de argumentos.

Contudo, para que esse diálogo (seja ele interno, interpessoal ou “interqualquercoisa”) possa ocorrer (em nome da evolução e da realização do que é essencial para o 7º Signo), sem se transformar num confronto vazio (ainda que diplomático e civilizado de-mentes hermeticamente fechadas, como no confronto de dois espelhos fixos que, frente a frente, nada reflectem para além do vazio entre si) Balança precisa da coragem e iniciativa do seu signo complementar, Carneiro, para ultrapassar a resistência à perda da identidade, à perda da sua base de partida e à perda do estatuto conquistados com tanto conhecimento geminiano (limitado) acumulado e então rodar a chave para se abrir sinceramente ao outro ponto de vista, à outra informação, ao outro ser… com a leveza e agilidade de uma mente verdadeiramente despida de preconceitos e disponível para que o terceiro signo de Ar, Aquário (o inesperado, o rasgo, o génio, a luz), aconteça.

Só com esta abertura (e portanto vulnerabilidade) – nada fácil – melhora Balança a sua capacidade de julgamento, expande a sua cultura, refina o seu “conhecimento” e desenvolve uma verdadeira ESTÉTICA de relacionamento com a vida; a única estética realmente magnética para a vibração do Amor que se recebe, que se dá e que se faz no caldeirão alquímico do signo seguinte que é Escorpião.