Na zona de rebentação

Uns bravos a nado, outros em grandes iates, muitos mortos, afogados, outros a navegar na maionese, quantos maravilhados em naus de descobrimentos recentes, radicais em pranchas de surf, a maioria a remar em bote de sobrevivência, mas todos, sem excepção, todos estamos a dar à linha de rebentação das ondas na chegada à praia de areia negra.

A travessia neste mar confuso e enjoativo de Peixes vai longa, 14 anos? 165 anos? Já nem sei quando naufraguei, devia estar a dormir, nem me lembro de me terem ensinado a boiar, mas boiei – milagre! Há milhas e meses que avistei, finalmente, uma protuberanciazinha no plano horizontal absoluto do mar: é a ilha de Carneiro. Demoro a chegar, porque sou descoordenada e só sei nadar à rã. Mas sei (é astrológico) que esta é a ilha de origem vulcânica Carneiro, claro que é, só pode ser, é!

Se me esforçar e me orientar (é para Leste, Este, Nascente, Levante, Oriente) sem perder o foco nas infinitas manhãs de nevoeiro hei de conseguir lá chegar viva e aquecer os ossos e a pele enrugada de tanta água com sal e recuperar a forma original. Eu quero e tu também. Mesmo que não saibas, sentes que estás a chegar lá onde é preciso, depois de tudo isso, disso tudo. Ou porque também viste aquele alto, o vulcão, no meio do oceano, ou porque o ouviste ao longe a explodir de erupção, sentiste o cheiro a enxofre e seguiste sinais de fumo mesmo sem saberes o que era ao certo esse chamado teu. Parabéns! Agora já sabes (no mínimo desconfias). Estamos a levar com o rebentar das ondas, são mais umas braçadas, está quase!

Há medida que Neptuno quer e não quer sair de Peixes e os eclipses aceleram tudo e as retrogradações dos mediadores Vénus e Mercúrio se dão na transição zodiacal entre o fim do fim e o início do início, nadamos com garra para a frente mas o mar de inconsciente puxa-nos de arrasto para trás, entre espuma e rochas afiadas como facas, para nos apercebermos que a nova costa é vida brava e não fincamos pé na areia preta sem antes rasgar pele e limites que já eram, derramar sangue, deixar mais qualquer coisa para trás (talvez as percepções maravilhosas mas irrealistas e umas quantas angústias de perdas terríveis que não servem para nada) e recuperar mais qualquer coisa do oceano que vale a pena trazer à tona (um talento adormecido para reanimar, um sonho possível, uma visão nobre para a humanidade em que te cabe participar, ou uma simples esperança egoísta que é tempo de cumprir).

São mais umas semanas, um par de meses, nesta lavagem e salgalhada final, mas já dá para imaginar a respiração ofegante a abrandar lentamente quando me deitar de costas na areia áspera com o sol inclinado a bater-me em dourados na glória do feito heroico que é chegar.

Um ambiente novo, mais quente e seco, sem dúvida, só que… esta ainda não é a ilha dos amores (era bom); é uma ilha vulcânica cheia de piratas e a qualquer momento há lava quente plástica de possibilidades novas e empreendedoras a escorrer pelo chão que se promete fértil e vai ser preciso rapidez no corpo e leveza na alma. Daí que mal dará para recuperar o fôlego. É baixar as sobrancelhas sobre as pálpebras tensionadas como quem traça um objectivo imediato com a autoridade que se tem, arregaçar as mangas, arreganhar os dentes e começar como quem nasce: com o próprio grito!

São mais umas semanas ou um par de meses. Força!

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Serpente frita

Mau é não saber lidar com ela, terrível é não a reconhecer em toda a parte. Se não em ti, pelo menos fora. Serpentes em todas as frentes, para toda a gente, como se vê no mapa do céu: Lilith destacada, destapada.

À tua espera entre as varetas de um guarda-chuva feio (de que não gostas) e que só abres para te cobrir convenientemente do temporário temporal, ou enrolada na asa de um cesto que queres pegar, mas não podes, no rasto de tinta de uma assinatura incerta, à espreita na manga de um aperto de mão frouxo, mal dado, em quase tudo que é pecado, lá está ela, poderosa, ubíqua, universal.

Tens visto muitas? Alguma em especial? Seduziu-te? Mordeu-te? Olha que arde!

São uma tentação, eu sei, por isso devoro-as ao pequeno almoço: serpente mal passada, de pele a estalar na sertã, cubro-a com sal e molho de veneno picante e um punhado de ervas míticas de Asclépio só para avivar o sabor que é vagamente a maçã.

Sei que em excesso dá loucura, sei. Não posso exagerar, não posso… senão é ela quem me cozinha e come por dentro e rato não sou, nem inocente. Lilith em Balança entre Marte e Plutão é para tomar com moderação. Pedaços de encantamento e lucidez, é Serpente frita no wok ch Inês.

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Plutão a desfibrilhar

Aquários em cada mapa, atenção à chamada:

Emoções congeladas há anos? Necessidades nunca antes atendidas? Células conservadas em criopreservação? Singularidades excluídas? Curiosidades, dúvidas e experiências relevantes que foram atiradas para a estratosfera inalcançável? Amores esfriados pela distância de eternidades? Desejos acorrentados a idealizações excessivas? Vontades quebradas na rigidez da tirania? Oportunidades bloqueadas por crenças fanáticas? Vocações estilhaçadas em episódios drásticos? Individuações e revelações adiadas? Sonhos rasgados? Potenciais descartados na lixeira da loucura?

PRESENTE na tua vida? Sim? Então toma nota:

Plutão já está com o DESFIBRILHADOR nas mãos para a terapia de choque: é reanimar ou morrer!
Ou, dito com mais verdade: é deixar “morrer” um paradigma mental rígido para poder despertar a vida pronta a pulsar.

O tempo chegou para AVIVAR o que tem estado reprimido, parado no congelador da tua existência.

Talvez seja um bocadinho intenso, ter Plutão à perna agarrado à corrente, pronto para revelar à descarada e electrizar definitivamente o que até já estava dado como morto ou que nem teve ainda oportunidade de ser vivido por ti; mas se o céu indica que é tempo de Plutão em Aquário, é porque vale a pena o processo e já estou a imaginar essa vida nova com ritmo vibrante!

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Aquário a Tremer ou a Vibrar?

Plutão acabou de reentrar em Aquário onde transitará durante os próximos 19 anos.

Do mundo de informações e possibilidades à volta dos seus significados, pergunto, a ti que conheces o teu mapa: tens posicionamentos em Aquário?

O que tens em Aquário (planetas e outros pontos relevantes), das duas uma:

ou está a começar a tremer de medo,

ou está a começar a vibrar mais alto (melhor, mais rápido, com frequência superior, em sintonia com as ondas que vêm do futuro na tua direcção).

É, como em tudo, uma questão de qualidade de expressão.

Mas porque “onde há vontade, há um caminho”  também é possível que, começando por tremer, consigas despertar e reprogramar “isso” que tens em Aquário  ao ponto de começar a vibrar cada vez mais alto.

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Apruma-te

Simples e Universal – que é um produto de alta qualidade “made in” eixo Virgem-Peixes.
As horizontais limite (Terra e Céu) são garantidas, de resto, para poder dizer “Eu”, “Eu sou…” convém que a “vertical” seja mesmo Vertical (com tudo o que isso implica a cada momento, até porque o que não se segura na vertical tende a cair)… e garantir a verticalidade já não é assim tão simples: requer verificação e rectificação, no mínimo anual, com o fio de prumo disponível sempre que Sol e Mercúrio transitam por Virgem, como agora.
Dentro de alguns dias, na lua cheia de Virgem (ou lua cheia em Peixes) teremos um eclipse por isso, apruma-te, porque isto é simples mas também é sério.
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É mesmo força e é agora

Marte ingressou hoje em Carneiro e há uma nota sobre isto que eu gostaria de partilhar contigo.

Desde finais de Março e durante o mês de Abril, deparaste-te com o súbito despontar de uma consciência nova dentro de ti que te alertou de forma veemente para as situações e circunstâncias na tua vida que não devem mais ser toleradas, que não devem mais ter seguimento e tiveste uma visão de uma possibilidade melhor para ti, de um horizonte melhor. Fez-se luz e tu viste com clareza! No entanto, apesar da insistência dessa nova consciência luminosa (que não era um grilo falante, mas um autêntico grilo GRITANTE), apesar do idealismo estimulante, dos insights, da inspiração…. faltou-te a força, faltou o músculo firme e eficiente capaz de realizar de imediato a tua melhor visão.

A falta de músculo representou a) um teste à qualidade da imagem idealizada, b) um teste à tua convicção e também c) um bloqueador de impulsos destrutivos.

No pior cenário, esmoreceste e deixaste o diluente do esquecimento escorrer cedo de mais sobre a tela – e nesse caso das duas uma: ou a imagem não era suficientemente boa para te agarrar ou simplesmente não passaste no teste da convicção, deixaste de acreditar.

No melhor cenário, mantiveste o foco aceso a iluminar a inspiração recebida, a nova paisagem e até aprimoraste a imagem com o melhor das tuas ideias e da tua imaginação.

A boa notícia é que Marte acabou de ingressar em Carneiro e agora para além da visão inspirada tens também a força à tua disposição. Agora tens a força.

É força! É mesmo força.

É agora!

Aproveita!

 

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Conjunção Júpiter-Urano em Touro

Começou em Touro um ciclo novo entre os planetas Júpiter e Urano e com ele a possibilidade de agarrares a visão dourada sobre ti mesmo/a que te tem vindo a ocorrer e assim viveres uma verdadeira novidade, uma reinvenção pessoal baseada na mais pura verdade, uma significativa forma de libertação, dando um salto em frente no sentido de desenvolveres melhor qualidade de vida, melhor saúde, sensualidade, valor próprio, e no sentido de renovares recursos e revelares habilidades e talentos.

 

A casa astrológica em que tens o grau 21 de Touro, assim como o restante enquadramento do teu mapa astrológico, dar-te-á pistas mais específicas sobre esta proposta que o céu tem para ti durante os próximos 14 anos, sendo que a meio do ciclo (em 2031) poderás avaliar se aproveitaste bem a oportunidade deste momento (colhendo bom frutos) ou se a transformaste num desperdício (nessa altura deverás corrigir a rota que não souberes percorrer melhor agora).

 

Uma forma de estudares este ciclo é pensar no anterior que acabou de acabar. Teve início em 2010/2011, com três conjunções Júpiter-Urano nos graus 0 de Carneiro, 28 de Peixes e 27 de Peixes. A título de exemplo, na minha vida pessoal correspondeu a ter-me despedido do trabalho de engenheira do ambiente para me aventurar como astróloga numa vida nova, onde pudesse dar voz e utilidade à minha verdade e sensibilidade. A meio do ciclo, nas oposições Júpiter-Urano de 2016/2017 levei alguns “estaladões” da vida que me forçaram a ter que levar mais a sério as escolhas que tinha feito e a tirar melhor proveito das minhas possibilidades.

 

Com estas datas, talvez consigas reconhecer no teu caso concreto em que é que consistiu o ciclo anterior e assim tentar captar a essência deste novo movimento de libertação e reinvenção. Mas se a tua reflexão não te aceder uma luz, talvez uma consulta de astrologia comigo possa trazer o clarão do relâmpago e o ribombar do trovão que esta conjunção favorece.

 

Como nota final, se rastreares os ciclos de Júpiter-Urano verificas que sucessivas conjunções acontecem a cada 14 anos, separadas de aproximadamente 60 graus (um sextil). Então por detrás dos ciclos Júpiter-Urano há um pano de fundo com qualidades de sextil, ou seja, de criação de oportunidade, experimentação, aprendizagem, comunicação, desenvolvimento de habilidades. Para além disso, repara que ao fim de 84 anos, estas conjunções desenham sobre o círculo zodiacal uma estrela de 6 pontas (símbolo da união do espírito com a matéria), ou se preferires, um hexágono que é uma estrutura geométrica bastante estável encontrada na natureza na estrutura de compostos químicos, em cristais de gelo e favos de mel.

 

O que eu retiro daqui e sublinho é que mesmo que este salto que queres dar pareça meio louco, fora de órbita, arriscado e completamente experimental é exactamente por te permitires dar este salto que, mais à frente, poder-te-ás sentir mais autêntica/o, mais capaz e (surpreende-te) mais estável.

 

Feliz novo ciclo de verdade, libertação e reinvenção!

 

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Ano novo astrológico – 1º passo

Ouve-se o disparo da pistola que assinala a partida para a grande volta do Sol no novo circuito zodiacal. A pista é de terra, a céu aberto, e o circuito para o desenvolvimento de consciência é feito em 12 etapas olímpicas, num tempo total de 1 ano que começa no grau 0 de Carneiro… agora!

Há uma certa névoa no ar… que eu ainda não sei se é da fumaça da pistola de partida, se dos chemtrails dos aviões das manipulações climáticas, ou se da conjunção separativa do Sol com o intoxicante Neptuno em Peixes.

Para JÁ (que é tudo quanto importa no grau 0 de Carneiro), o Sol está a dar o primeiro passo do ano. E este primeiro passo do Sol é separar-se de Neptuno em Peixes e aplicar-se por sextil a Plutão em Aquário.

Para ti, Sol, que estás a ler (e que és à tua maneira imagem e semelhança do grande Sol), deixo algumas (poucas) legendas possíveis que talvez queiras saber. O teu primeiro passo traduzo no seguinte:

  • Afastares-te do que está obscuro e indefinido, dos enredos enredados (ainda que sedutores) e focares-te na informação essencial que traz transparência, clareza, uma perspectiva mais limpa.
  • Abandonares a postura de que basta acreditar e “entregar ao universo” pois que alguém há de resolver; é preciso que participes verdadeiramente na solução com as tuas ideias e perspectivas raras.
  • Deixares as lamentações em loop, a profecia da desgraça assim como o wishful thinking e as visões megalómanas paralisantes; o que te é pedido é que ocupes o teu lugar, e que abras caminho na implacável reivindicação dos teus direitos, que catalises mudanças estruturais (incómodas), pondo em movimento o poder da tua vontade, à tua real escala e no contexto da tua vivência particular.
  • Ignorar a voz chorosa que diz que, se voltares para trás e esqueceres o que já sabes vais poder salvar alguma coisa ou alguém ou finalmente conseguir viver a felicidade que teria sido tão perfeita se tivesses ficado no passado mais um bocadinho e que ainda poderás ter se regressares ao ciclo vicioso. Não! É mesmo para ignorar essa voz de reencantamento com a expectativa defraudada e avançar de forma fria e determinada em direcção a uma verdade talvez crua, talvez dura, mas mais profunda; verdade essa que ainda terás que ter a curiosidade juvenil para te aventurares a descobrir e a habilidade madura para a experienciar bem, mas que vai valer muito a pena (pena, tormenta… essas coisas típicas de passos entre Neptuno e Plutão).
  • Agradeceres o mini-retiro dos últimos tempos, que o silêncio neptuniano proporcionou, o espaço de inspiração e ligação com o que realmente sentes – e nem sabias que sentias – e entrares a todo o gás na pressionante roda da vida feita de circulação e de ruído de pensamentos e de pessoas para ganhares a força e a sabedoria que nasce da integração equilibrada de novas experiências que não vêm com garantia de perfeição nem de sucesso, mas que garantem progresso.
  • Reconheceres e aceitares a ajuda (tenha sido evidente ou disfarçada de episódio caricato) que chegou magicamente até ti (mesmo que não saibas de onde veio nem porquê) e usares o que te foi dado para te libertares do teu insólito embaraço e renovares possibilidades de melhor revelação de ti mesmo/a no mundo.

O primeiro passo do Sol (o teu primeiro passo) na corrida zodiacal do ano é, em boa verdade um fim: é o discernimento radical de Plutão em aquário a colocar os pontos nos “is” e ponto final. Em suma, é sair do transe emocional e despertar para um tremendo descondicionamento pela coragem de fazer uma grande limpeza com a vassoura da razão.

 

A corrida do Sol é longa, é todo um ano e, – claro – dia a dia, outros muitos passos no desenvolvimento da consciência virão. Este é apenas o primeiro passo do ano que começa agora.

Feliz novo ano astrológico!

 

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Aulas Astrologia – nível 1

Vou dar início a um novo grupo de iniciação à Astrologia (nível 1). Começamos a 10 de Fevereiro e terminamos esta etapa inicial a 22 de Junho.
As aulas serão presenciais, em Leça da Palmeira, num ambiente intimista, em pequeno grupo, realizadas quinzenalmente aos sábados.
Este ciclo de encontros está orientado para a aprendizagem das bases da Astrologia aplicada à interpretação de mapas astrológicos de indivíduos (Astrologia Natal), destinando-se a pessoas sem conhecimentos prévios de Astrologia ou a quem queira rever as bases do conhecimento.
No final deste ciclo de encontros cada participante deverá ser capaz de fazer interpretações simples de qualquer mapa astrológico de nascimento.
Neste link poderás ver informação mais detalhada: Aulas de Astrologia – 2024 N1 G1
Para mais informações e inscrições contacta-me por email: ines@inesbernardes.net

O cone

No fundo cone da alma, onde o cano negro invisível dos aspiradores não penetra nem suga, condensam-se ricos vapores do mais alto espírito que, nesse vaso de cerâmica alaranjada, impregna um doze avos do licor perfumado.
Pot-pourri de terracota – nada estanque – não segura a destilação da água de cima e deixa pingar. Gota a gota, pura cai e atravessa 7 filtros salgados até à precipitação final.
Em baixo, um caco esperto, aberto, preparado, recebe a conta-gotas a sua dose: o essencial da solução. Mas o maná caído, por si só, não faz do recipiente experimental uma taça dourada. O problema para mundos em resposta.