Lua Cheia em Touro oposta a Vénus retrógrada

Lua cheia em Touro

Hoje dá-se a Lua cheia em Touro, numa configuração forte com outros planetas, trazendo por isso uma proposta importante sobre transformação.

Em termos astrológicos, no mapa do momento da lua cheia, a Lua está em conjunção com Urano em Touro, oposta ao Sol conjunto a Vénus retrógrada em Escorpião, em quadratura exacta com os nódulos Lunares no eixo Leão/Aquário, acontecendo tudo isto nos últimos dias da passagem de Júpiter em Escorpião.

Em linguagem corrente, e na minha óptica, a mensagem por detrás dos símbolos é resumidamente esta: É urgente desapegarmo-nos de pessoas, coisas, hábitos, atitudes e comportamentos que nos têm mantido friamente aquém do gozo pleno da felicidade e aos quais só estamos apegamos por medo de envolvimento profundo com a vida.

O envolvimento profundo com a vida é estarmos disponíveis para o desconhecido e para a mudança sem nos agarrarmos a formas ilusórias de segurança. O drama é que o envolvimento profundo com a Vida (assunto de Escorpião) é coisa assustadora porque mais parece morte. Isto porque requer o atravessar simbólico de um túnel escuro que, à vista desarmada (ou desalmada) não oferece garantia nenhuma de passagem para um cenário melhor e ainda implica deixar para trás formas de ser e de estar que no passado deram segurança (porque nos protegeram de algum tipo de medo) – mas que, na realidade, são atitudes rígidas, cristalizadas que se tornaram fardos pesados e que no momento actual só atrapalham!

O fardo

Este fardo pesadão que cada um de nós tem arrastado, em certa medida foi útil no passado, pois permitiu que nos protegêssemos de algo que temíamos e que ainda não estávamos preparados para enfrentar.

Para alguns, este fardo inconsciente disfarçado de segurança pode ser um relacionamento aprisionador (medo de estar só), para outros um emprego aborrecido (medo de arriscar), um imóvel incomportável (medo de perda de status), um projecto parado (medo do vazio), uma forma rígida de trabalhar (medo de perder o controlo), comida em excesso (medo de crescer ou da intimidade), uma atitude procrastinadora (medo de decidir ou do confronto), um comportamento preconceituoso (medo do desconhecido, medo da verdade, medo da própria sombra)…

Enfim, há múltiplas formas de manifestação, mas a ideia a reter é que se trata de algo pesado e inerte, de que estamos por estes dias a tomar consciência, e que precisa ser libertado para se começar um processo de acelerada transformação para uma vida mais entusiasmante.

O processo de transformação

Devido ao facto da Vénus estar retrógrada em Escorpião conjunta ao Sol, o processo de transformação parece ser activado por uma revisitação/reencenação de situações do passado que deixaram algum tipo de trauma ou de desconforto em relações interpessoais ou na relação com a matéria (dinheiro, corpo, natureza). Tratando-se de Escorpião é bem possível que estes assuntos (estas sombras que é preciso iluminar) estejam relacionados com abuso de poder, perseguição, morte, dívidas, investimentos, manipulação, sexualidade, tabus, extremismo ou preconceitos.

Uma vez que estas situações não ficaram bem resolvidas no passado, voltam agora à consciência para poderem ser revistas, reinterpretadas e resolvidas de maneira a que a nossa auto-imagem possa ser curada. Por isso, talvez te envolvas em discussões sobre assuntos polémicos que mexem com os teus valores viscerais, talvez reencontres ou recordes alguém do passado que toca em preconceitos, tabus ou feridas por sarar, talvez discutas com o teu parceiro/a sobre a estagnação e a liberdade na relação, talvez as pessoas que comunicam contigo carreguem nos teus “botões” de destruição ou manipulação, talvez experimentes uma situação nova que faz reviver um episódio que te perturbou no passado…

Porque a Lua está conjunta a Urano e o Nodo Sul está em Aquário, a atitude mais imediata é provavelmente de explosividade, de corte ou de distanciamento da situação que incomoda para tentar (ingenuamente) recuperar o conforto. Mas o Nodo Norte em Leão, regido pelo Sol em Escorpião indica que o caminho a seguir é de permanência na situação de coração aberto para enfrentar os medos mais profundos e disponível para uma intensa batalha – não entre egos, mas entre a luz da consciência e a própria sombra.

Por isso, é apenas natural que os encontros sejam carregados e que tragam ao de cima o lixo psicológico e os fardos que precisam ser analisados e cuidados antes de poderem ser deitados fora para que novas formas de ser e novos valores se possam enraizar.

 

Em síntese, esta lua cheia vem sublinhar e reforçar aquilo que todos andamos a sentir nas últimas semanas: há aspectos do nosso comportamento que estagnaram no tempo por medo e que agora são pesados fardos que não dá para transportar mais e há sombras (provavelmente preconceitos) que precisam de ser iluminadas para podermos renovar o senso de valor pessoal e avançar para uma fase de vida mais alegre, quente e autêntica, assim que Júpiter entrar em Sagitário.

Que cada um de nós tenha a presença de espírito para reconhecer os seus medos e sombras e a coragem para abandonar as atitudes correspondentes abrindo assim caminho para uma profunda transformação pessoal que conduzirá em breve à redescoberta da auto-estima, à expansão e à alegria!

 

Se quiseres saber mais e compreender melhor esta fase de forma personalizada, agenda uma sessão comigo.

 

Feliz Lua Cheia!

Mercúrio pós sombra, Vénus sobre o grau do eclipse…

Desde o dia 5 de Setembro até agora (ou seja, enquanto Mercúrio foi fazendo a sua passagem pela zona da sombra do período da sua recente retrogradação), temos sido convidados a analisar profundamente, a aceitar e a processar lentamente as necessidades de mudança e de ajuste levantados pelos imprevistos, perdas e/ou surpresas dos últimos dois meses, especialmente no período entre 13 de Agosto e 5 de Setembro (período da retrogradação de Mercúrio durante o qual ocorreu o Eclipse em Leão).

Independentemente do contexto particular em que surgiram nas nossas vidas individuais, estas mudanças e ajustes requerem que nos vamos tornando mais conscientes do que é de facto significativo/ importante nas nossas vidas, agora. Para dar sequência a este processo de focalização no essencial e fazendo uso do nosso discernimento e poder de descriminação, poderá ser imperativo desistir de algo que já não é relevante ou que já não é funcional, que por algum motivo já não tem vida, já não tem alma, já não tem luz e a partir do contacto com esse vazio, com esse zero (0) interno que é óvulo por fecundar, fazer então uso da criatividade, dos rasgos de genialidade, da inocente espontaneidade e assim tirar partido do imprevisto, da perda ou da surpresa ocorrida, provavelmente com resultados e vantagens que transcendem a esfera pessoal, pois que brilham tanto de paixão e de generosidade que se tornam úteis a toda uma comunidade.

Amanhã, dia 19, Vénus fará conjunção com o grau onde se deu o último eclipse solar, reactivando assim os temas que foram agitados nas nossas vidas recentemente, mas agora com mais aceitação, maior coração, apaziguamento interno e com arte de criar ou recriar em cima do que à primeira vista era inconsistente ou desesperador e que, se bom olho houver, se revela agora inspirador. Simultaneamente, Mercúrio ainda conjunto a Marte em Virgem (da audácia com medida e da força diligente para pôr as mãos à obra), vai passar pra lá, não de Bagdá, mas do grau 11 (de onde parecia que nunca mais passava) e assim seremos agora todos convocados pela sineta do trabalho e do serviço para aplicar o que foi revisto e avançar e produzir com a matéria-prima do imprevisto.

When life gives you moldy lemons and you can’t make lemonade, give it a shot! Embrace this weird opportunity: Mold your life in a new way.” Caldo em Tornado (2017).

A Sombra no Horóscopo

Sei que é comum associar-se Plutão (a força do submundo) à Sombra e parece-me bem. Também as casas 8 e 12, por se relacionarem com o inconsciente (pessoal e colectivo) parecem ter clara ligação com o conceito psicológico de sombra ou seja: aquelas partes de nós não integradas, varridas para debaixo do tapete por serem, por algum motivo, ainda inaceitáveis. Da mesma forma, concordo com a perspectiva na qual o Descendente também representa a Sombra, na medida em que é para o Descendente (o fora de mim) que lançamos tudo aquilo que consideramos “não eu” e que, por esse motivo, à partida, não estará integrado na personalidade. Mas… Inspirada pelo magnífico trabalho do super neptunado artista Vincent Bal “Shadowology”, pus-me a pensar sobre a Sombra no horóscopo de uma forma menos abstrata e mais física.

Eu tenho Asc em Virgem e talvez por isso seja importante para mim fazer experiências e ter exemplos concretos para me acercar da realidade, então olhei para o mapa astral como se fosse uma maquete dinâmica, cheia de funcionalidades. Ocorreu-me então que a forma mais concreta e óbvia de Sombra num horóscopo é o ponto diametralmente oposto ao Sol!!!! Claro, pois se o Sol é a fonte de Luz e se no centro do mapa está o indivíduo (é que é mesmo no centro do mapa que está a cruz da encarnação, o símbolo da Terra, a soma, o corpo), por mais que ele rode e se vire para onde quiser, vai sempre fazer sombra no ponto oposto ao Sol!

Vai daí, peguei no meu mapa, pus um objecto opaco no seu centro (uma borracha – não tinha um borracho, senão era o que lá tinha posto, lol) e uma lanterna no lugar do Sol e com o entusiasmo de um adolescente que descobre a masturbação (ok, nem tanto!…. mas pá, tenho Júpiter peregrino em Escorpião, if you know what I mean, lol) verifiquei o seguinte: a dimensão da Sombra será directamente proporcional à opacidade, à materialidade do centro – ao seu materialismo, melhor dizendo – e, por conseguinte, inversamente proporcional à sua subtileza, à sua vibração, capacidade de sublimação ou desenvolvimento espiritual. Daqui concluo também que para se iluminar a Sombra não adianta aumentar a intensidade do foco de luz, é antes preferível fazer do corpo translúcido, transparente! Mais: quanto maior for o círculo (ou seja, quanto maior for o raio das casas) menor é a amplitude e intensidade da Sombra. Explicando melhor: se o foco de Luz estiver demasiado perto do objecto do centro cria-se demasiada sombra – experimenta e vê. Eu acredito que a experiência na vida é representada pela circulação dos planetas (os trânsitos) à volta do mapa e que, como a experiência, que são os trânsitos, estão presos ao indivíduo que está no centro, eles – os trânsitos – no seu movimento vão criando uma força centrífuga que vai alargando a roda, permitindo abarcar e incluir cada vez mais universo à volta do centro, à volta do individuo. Repare-se como as setas que saem de dentro para fora do mapa e que marcam o ASC e o MC aludem (pelo menos aos olhos desta engenheira enlouquecida) à existência dessas forças centrífugas. Então, do meu ponto de vista, fruto do experimental, quanto maior a experiência que temos na Vida, quanto mais voltas damos à Vida com as voltas que a Vida nos dá, maior é o circulo à volta do centro, o que torna a Sombra mais dispersa, mais difusa, menos escura.

Em resumo: para além de Plutão, DSC, casa 8 e 12, também o ponto oposto ao Sol revela no horóscopo um lugar de sombra. Não é aumentando a luz do Sol que se reduz a sombra. A sombra diminui com a subtilização da existência na Terra e torna-se mais difusa (menos intensa) com o alargamento da experiência.

Aplica ao teu mapa e vê se te faz sentido haver sombra na casa e particularmente à volta do grau oposto ao Sol! No meu mapa faz sentido e se tu não me deres feedback… fico sentida. 😉