Mercúrio retrógrado e o retrovisor

retrovisor

A vida é tão simbólica no seu movimento natural que um olhar desperto dispensa qualquer interpretação astrológica.

Saio de casa sem grande vontade de sair. Quando vou para abrir o carro, o retrovisor do lado esquerdo está desencaixado, tombado, suspenso por umas molas metálicas junto à dobradiça da porta.

“RRR#%!#! Não posso conduzir sem este retrovisor!”.

Sincronicamente, no céu, Mercúrio (o planeta da mente, comunicação, transportes) acabava de estacionar para ficar retrógrado (o movimento de andar para trás).

NÃO, não quero com isto pôr a tocar o disco riscado de que os períodos de mercúrio retrógrado trazem avarias nos carros! Também não me apetece aqui fazer uma lista de supermercado das ideias relacionadas com a retrogradação de mercúrio (rever, voltar a ver, revisitar, recolher informação, retomar, recordar, rrrrrre….) – não me apetece. Assim como assim, há para aí imensos “memes” virais (ou serão virulentos?) nas redes sociais cheios de budinhas e sabedoria fast food low cost pronta a ser de-gustada que mais uma dose não acrescenta nada…

O que quero partilhar é que se estivermos atentos, a vida é por si só suficientemente poderosa a mostrar as mensagens que precisamos receber. E estamos mais capazes de as reconhecer e receber ESPECIALMENTE quando Mercúrio está retrógrado – então é de aproveitar este oráculo orgânico gratuito nestas semanas até 1 de Agosto (gratuito, ah? Maravilha ?).

 

Retrovisor <=> o espelho que o condutor usa para ampliar o ângulo de visão, olhar para a retaguarda e ver as imagens do que vem ou está atrás. Ajuda a avançar e a fazer manobras com mais informação espacial e por isso mais segurança.

Se quero andar para frente, primeiro tenho que concertar o que me impede de olhar para trás. Mais ainda: olhar para trás é fundamental para avançar com mais informação que me permita decidir com segurança.

Muito óbvio, mas … quem tem carta (não a astrológica, que cada um tem a sua, é a outra que dá autorização para conduzir!) sabe que mesmo com um bom retrovisor há um ângulo cego de visão e ter consciência desse ângulo impede muitos acidentes.

Afinal, o retrovisor (olhar para trás) não chega para ampliar completamente o ângulo de Visão e se calhar até foi para reforçar essa ideia que a vida me fez o favor de desencaixar o espelho. Ok, então eu preciso de olhar para trás (check) e ainda de descobrir ou inventar uma forma de cobrir esse ângulo cego de Visão antes de tirar o carro do ponto morto.

Mensagem matrioska recebida cheia de símbolos, e símbolos dentro de símbolos, dentro de símbolos.

Bem, o retrovisor já está no sítio, preso provisoriamente com fita cola, antes de o levar à oficina. Quanto ao ângulo cego de visão do qual preciso ter consciência para evitar acidentes, vou experimentar fazer silêncio e fechar os olhos – pode ser que assim veja bem mais e melhor.

 

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Nota: É muito bom olhar para um mapa astrológico e conseguir imaginar a vida, mas é ainda melhor olhar para a vida e nela ver o céu. Se te interessa explorar os símbolos da linguagem astrológica para que possas ver por ti mesmo/a, num sentido ou no outro, estou disponível para partilhar contigo o que sei através das aulas livres.

Dias marcantes

dias marcantes

 

Estes têm sido e continuarão a ser dias bem marcantes.

O sol em Gémeos ainda em oposição a Júpiter retrógrado e em quadratura com Neptuno vai dando informação do desfasamento que existe entre a expectativa que tens (ou que tinhas) e a factual realidade. E nisto, percebes que tens em mãos decisões a tomar e ajustes a fazer sobre o teu processo pessoal de crescimento e que talvez os próximos dois meses sejam importantes (decisivos!) para pôr em movimento aquilo que é essencial ao salto para um novo patamar.

Simultaneamente, a fortíssima activação do eixo Caranguejo-Capricórnio, especialmente com a presença de Marte em conjunção ao Nó Norte em Caranguejo, conduz-te de volta para dentro, para a esfera mais emocional, familiar, para o passado, para as feridas na alma que ficaram por sarar e para a dimensão dos sonhos. Por isso, não há vontade de fazer muito externamente com o tanto que se passa dentro. Tantas emoções para expressar, assumir e arrumar, tanto passado para re-significar, tanta família para confrontar, tantos impulsos a irromper, tantos cortes infantis e despedidas, tantas batalhas a ter que perder, tanto trabalho em casa por fazer…

Neste regresso às questões internas (e às que ficaram mal enterradas) e de confronto com expectativas é fácil escorregar, perder a verticalidade e o senso de direcção e justiça.

Então, talvez seja importante não te deixares consumir pela zanga e reactividade (Marte em Caranguejo) nem dominar pela ambição de domínio (Saturno-Plutão em Capricórnio), segurando no coração o foco essencial do momento que é o desenvolvimento da sensibilidade e receptividade em cenário de exigência e de fim.

Assim, não reajas. Em vez disso, decide abrir um vazio interno para que possas receber um insight, uma inspiração, uma mensagem divina antes do necessário movimento de resposta.

Desse encontro fértil entre o silêncio e a inspiração superior nasce a acção dirigida pela alma assim como a grande maturidade. Acção e maturidade renascidas e reunidas habitarão juntas o teu espaço interior renovado, e assim fechas em beleza mais um capítulo do teu livro de existência.

 

PS: Sobre este assunto escrevi também na edição de Junho da revista Observa Magazine nas páginas 40-41, que te convido a ler.

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Para agendar uma consulta ou aula privada contacte-me.

Júpiter retrógrado em Sagitário

Júpiter retrógrado em Sagitário

Júpiter iniciou ontem o seu movimento retrógrado em Sagitário, que só terminará em Agosto.

Em Novembro do ano passado, quando Júpiter ingressou em Sagitário, todos nós (nas nossas vidas pessoais) começamos a ter oportunidade de crescer, de nos aventurarmos e de alargar horizontes.

Esta expansão pessoal, que terá sido mais pronunciada numa ou noutra área de vida, gerou certamente melhorias e maior confiança em relação a alguns assuntos, facilitou a expressão e o desenvolvimento de harmonia em alguma facetas do nosso ser, mas também terá criado alguns excessos, desafios e dores de crescimento.

Agora, com Júpiter retrógrado, temos a tarefa de abrandar, olhar para trás e avaliar a forma como crescemos (ou não crescemos) nos últimos 5 meses. Se continuarmos a expandir (em busca de mais, mais, mais) indiscriminadamente sem reflectir, corremos o sério risco de criar caos.

O abrandamento e introspecção necessária nesta fase abre a via de comunicação com o nosso “guru” interno, que nos vai impregnar com melhores inspirações e direcções para alcançar o progresso pessoal que almejamos.  Assim, até Agosto, podemos focar-nos em reorientar o processo de expansão e a partir de meados de Agosto dar continuidade à aventura, liberdade e crescimento da melhor forma possível, num patamar superior de consciência!

Sobre este tema escrevi também na edição de Abril da Observa Magazine, nas páginas 42 e 43 com algumas notas signo a signo.

 

Reconheces, na tua vida, em que é que tem consistido esta expansão pessoal? É claro para ti quais são as afinações ao processo de crescimento, a reorientação que é necessário fazer durante os próximos 4 meses? Se tens dúvidas, poderá ser importante desenvolver este assunto numa consulta privada de modo a que possas tirar maior proveito das oportunidades disponíveis. Para agendar uma sessão entra em contacto comigo! Até já!

 

O beijo entre o rio e a margem

 

O beijo entre o rio e a margem

Uma das maravilhas dos períodos de retrogradação de Mercúrio é termos oportunidade de ver sob melhor luz o que já tinha sido visto de relance e assim poder captar níveis mais profundos ou subtis da informação disponível. Às vezes melhor luz é menos luz. Um pouco menos de luz e revelam-se formas que já lá estavam mas que não se percebiam antes.

Ontem, durante uma caminhada num percurso algures no Douro interior, ao atravessar uma ponte de madeira sobre um pequeno rio, perdi-me no tempo a contemplar as cores e os brilhos da paisagem. Tirei muitas, muitas fotos na tentativa (inglória) de captar o que de indescritível os meus olhos ali “viam”. Mas o que realmente me fascinava não era visual, era o que me chegava ao nariz. Se alguém já tivesse inventado a “máquina fotográfica” dos cheiros, eu tê-la-ia usado furiosamente para captar muitos instantâneos daquele momento porque, ali, cheirava nitidamente ao aroma da paixão.

Naquele ar, naquela terra, naquela água havia um fogo especial: paixão – aroma inequívoco e bom de se cheirar. A impressão daquele lugar era simultaneamente tão sensual e poderosa que podia ter acabado o percurso ali mesmo que já iria feliz para casa.

Continuamos alguns quilómetros mais e ao fazer o caminho de regresso passamos novamente na ponte. Como o sol já ia um pouco mais baixo, aquele cenário estava agora à sombra; as cores antes tão vibrantes empalideceram e deram lugar a outros contrastes e espelhos… mas o aroma a paixão era o mesmo ou até mais forte! Pensei: “Vou tirar aqui só mais uma foto para ver mais tarde a diferença” . Liguei a máquina e foi então que o Mercúrio retrógrado em Peixes nos céus (e dentro de mim) fez a sua magia: No ecrã, um palmo à frente do nariz, um óbvio e surpreendente BEIJO entre o rio e a margem.

O beijo entre o rio e a margem já lá estava à ida, mas a luz era tão intensa e as cores superficiais tão gritantes que mascaravam a forma principal, a causa do aroma da paixão. À vinda, sob outra luz, com menos luz, a água e a terra (num sextil de ver estrelas) revelaram-se claramente num beijo apaixonado.

Este meu passeio pelo Douro Interior chegou ao fim, mas a retrogradação de Mercúrio ainda vai bem no início! Felizmente, até dia 28 ainda há muito tempo para fazer caminhos pelo ouro interior, caminhos de volta, de regresso, percursos com menos luz ou até de olhos fechados (porque há imagens que só se revelam no escuro) e se Mercúrio está em Peixes o que conduz (pelo menos para já) é a sinestésica mistura dos sentidos. Por isso diria (se me perguntassem!) em tom de recomendação que, em caso de dúvida, é fechar os olhos e “ver” se, isso que inquieta, cheira (ou não!) ao aroma da paixão.

Mercúrio em Peixes: o rio beijou a margem

Feliz retrogradação de Mercúrio em Peixes e inspiradores passeios internos!