No passado dia 14 de Fevereiro (esta última terça-feira), a Lilith (Mean Black Moon Lilith) ou Lua Negra média saiu de Escorpião e entrou em Sagitário e em Sagitário ficará até meados de Novembro. São 9 meses. 9 meses – o período de gestação humana!
Ela é um mistério. Tão misteriosa e difícil de agarrar que há 3 ou 4 Liliths que se podem considerar. Mas pensando na Lilith apenas como Mean Black Moon Lilith (Lua negra média), ela percorre então um signo durante 9 meses… e isso faz-me pensar que a sua posição (por signo e casa) pode representar aquilo que somos convidados a gerar e a incubar, como se disso grávidos estivéssemos e prontos a parir ao fim de 9 meses.
Penso que uma forma interessante de nos acercamos deste papel de gestação da Lilith nos nossos mapas astrológicos seja comparar essa “gravidez interna” com a gravidez humana. O processo começará de forma íntima, secreta, instintiva, prazerosa e eventualmente por vias aparentemente pecaminosas ou inconfessáveis; depois, com o passar dos meses, desenrola-se de forma bem notória, inocultável, cheia de metamorfoses rápidas, com orgulho ou vergonha, expectativas, desconforto e muito peso. Durante a gestação, a mulher (e em menor grau todos os outros à sua volta) é magicamente iniciada à maternidade sofrendo uma profunda transformação física e emocional. Ela já não é a mulher que era antes da gravidez, ainda não é propriamente mãe e não se vai manter neste estado preparatório e incubador de uma nova existência desconhecida por mais do que 9 meses. É um estado transitório que vai alterar não só a sua vida mas a do mundo inteiro para o resto da eternidade – o que pode ser tão estimulante quanto assustador.
A Lua, associada à maternidade, não tem este poder iniciático. A Lua cuida, nutre, protege e dá forma visível mas é a Lilith que opera a alquimia invisível, poderosa de tão transformadora, desde o momento sexual em que ocorre a fecundação até ao fim da gestação onde, no parto, entrega o novo ser nos braços abertos da Lua, para se ir recolher novamente no útero espreitando para fora e seduzindo, sempre que lhe apraz, entre os pequenos lábios da vagina que todos temos (seja física ou energética).
A Lilith actua no escuro, de forma ritualística, livre e selvagem, é o útero da Terra. É a rainha do mistério e da magia, da alquimia geradora de nova vida e de todas as outras alquimias. Lilith é a Serpente que permite a entrada e a saída do paraíso; é a kundalini no nosso corpo energético que, se erguida, permite o despertar das células dormentes no cérebro e libertação desta dimensão. É também o DNA do núcleo das nossas células – é através da Lilith que são activadas ou inibidas as porções/sequências desta estrutura bio-química do nosso potencial, já que é no DNA que, ao nível biológico, acontece a alquimia. A Lua é a família que conhecemos, mas a Lilith é a cadeia ondulatória e espiroide de toda a nossa linhagem ancestral para lá da memória e é o poder estaminal do sangue menstrual gerador de mutações de cura. Lilith é um poder imenso de natureza feminina, mas na cultura patriarcal ela é a excluída, a rejeitada, a suja e a suprimida, um depósito forçado de vergonha e de culpa, e neste estado de repressão ela é a vingativa e a devoradora de “crianças”. Então há que aceitá-la e devolver-lhe a voz e o papel sacerdotal já que não há transformação real na vida que não passe pelo seu caldeirão uterino, ainda que em segredo e em silêncio.
Lilith entrou em Sagitário… e então, colectivamente, somos todos convidados a uma gestação alquímica nas nossas vidas de novas qualidades sagitarianas (de visão, intuição, fé, filosofia, relação além fronteiras, relação com o divino, expansão, crescimento, aventura, conhecimentos superiores, etc…) que irão ser “paridas” em Novembro, no fim do trânsito, quando a Lilith sair de Sagitário e entrar em Capricórnio para começarmos a incubar novos valores capricornianos. Mas até lá, importa gerar um novo Sagitário e cuidar desta gravidez que terá lugar em uma ou duas casas do nosso mapa astrológico (sendo que o parto só ocorre numa). Check it!
Exemplos de interpretações possíveis mas não exclusivas (à luz desta abordagem) ao trânsito de Lilith em Sagitário pelas casas astrológicas:
Lilith em Sagitário na 1 – estou grávida/o de uma verdade sobre mim mesma/ uma identidade livre.
Lilith em Sagitário na 2 – estou grávida/o de uma nova confiança na utilização do meu corpo/dos recursos.
Lilith em Sagitário na 3 – estou grávida/o de um livro sagrado/de uma teoria.
Lilith em Sagitário na 4 – estou grávida/o de uma viagem interior / de uma melhoria doméstica.
Lilith em Sagitário na 5 – estou grávida/o do assumir de uma aventura criativa/lúdica.
Lilith em Sagitário na 6 – estou grávida/o de melhores rituais/de rotinas com mais sentido.
Lilith em Sagitário na 7 – estou grávida/o de uma união sagrada / uma nova expansão relacional.
Lilith em Sagitário na 8 – estou grávida/o de uma libertação sexual e/ou de uma cura multidimensional.
Lilith em Sagitário na 9 – estou grávida/o de uma possibilidade de iluminação/ nova orientação celeste para a Vida.
Lilith em Sagitário na 10 – estou grávida/o de uma busca vocacional / de um novo sentido para a minha função social.
Lilith em Sagitário na 11 – estou grávida/o de um melhor sistema para o futuro/ de uma aventura em grupo.
Lilith em Sagitário na 12 – estou grávida/o de umas verdadeiras férias/de um retiro.
Em meados de Agosto, Lilith encontra-se com Saturno (símbolo de estrutura, estratégia, manifestação e fim) no grau 21 de Sagitário e este encontro testa a solidez e robustez da tua “gravidez”. Já terão passados 6 meses de “gestação” e a vida há de te perguntar: “Isto que estás a gerar é para abortar, é para parir prematuramente ou para prosseguir com a incubação?”.
A pergunta pode ser interior e surda mas a resposta é para a Vida e é tua! Então assume a “gravidez” e para cumprir bem a regra, faz o que te pede Lilith, a Lua Negra!