
Quando olho para o mapa deste próximo eclipse há uma imagem que toma conta de mim e me conduz o pensar. É a imagem do Dragão.
No céu, como dentro de nós, há sempre um dragão gigante. O corpo do dragão estende-se desde a ponta da sua cauda, que aponta para o Passado, até ao topo da sua cabeça, que aponta para o Futuro. No momento em que o dragão, depois de miríades de evolução, dá a volta a si mesmo e abocanha a própria cauda temos um presente no Presente em forma de ovo criador, a fonte de qualquer existência! É o Ouroboros, o dragão que morde a própria cauda, símbolo alquímico da recriação. O momento em que fim e início se reencontram para fechar um ciclo e iniciar um outro, numa espécie de morte seguida de ressurreição. Sendo que o que renasce é uma melhor versão daquilo que ali morreu.

Em qualquer mapa astrológico, a cabeça do dragão é representada pelo Nódulo Norte e a cauda do dragão pelo Nódulo Sul. Como vivemos numa realidade polarizada e paradoxal a cauda e a cabeça estão em posições diametralmente opostas o que complica e transforma num enigma a realização da única tarefa que realmente temos que cumprir nesta Terra – encontrar uma maneira poderosa, inteligente e amorosa de dar a volta ao que somos e juntar, na mesma posição, cauda e cabeça em verdadeira união.
Isto para dizer que há algo de verdadeiramente mágico no eclipse deste domingo que gostava de assinalar. Os eclipses acontecem sempre que ocorre uma lua nova ou lua cheia na qual o Sol e Lua estão muito perto dos nódulos lunares… Neste eclipse, Sol e Lua vão estar em Peixes (no grau 8) o nódulo Norte em Virgem e o Nódulo Sul em Peixes… e até aqui nada de novo ou extraordinário! O que do meu ponto de vista é particularmente fascinante é verificar que no céu do momento do eclipse Mercúrio, o regente da cabeça do dragão, vai estar em Peixes, conjunto à cauda do dragão e também em conjunção (ainda que lata) com o regente da cauda! Ou seja, é como se a cabeça do dragão, através do seu regente, encontrasse um caminho mágico, alquímico de se unir à sua cauda, ao regente da sua cauda, ao Sol e à Lua, tudo isto no signo de Peixes, o último signo, o signo de todos o mais maravilhoso, fascinante e fértil em potencialidades (é o que antecede o primeiro que é Carneiro)! Se simultaneamente considerarmos o facto de que no momento do eclipse, não está visível no céu nem Lua nem Sol, é como se de repente, por inexplicável magia, as nossas principais referências, os principais orientadores, os principais condicionantes, o Pai e a Mãe cósmicos se ausentassem de cena (para uma união de alfa e ómega) e nos concedessem (a nós seus filhos) um momento de presente no seu duplo significado! Um presente que é um momento “Ouroborus”, neutro, para total liberdade criativa, uma recriação livre de nós mesmos numa particular área da nossa vida – é o fim do que foi e o início do que há de ser! A má notícia é que o que quer que deste potencial alquímico e criador façamos só depende da nossa vibração e boa notícia é que o que quer que deste potencial alquímico e criador façamos só depende da nossa vibração!
O meu desejo é que cada um de nós use o potencial do eclipse, este momento de liberdade, de ressurreição e de recriação, ao nível mais alto que puder.
É no domingo, dia 26, que acontece o eclipse, mas o seu desenvolvimento e efeitos estendem-se aos longo de 6 meses a 1 ano. Há de representar um fim, mais ou menos perturbador, daquilo que, por ser irreal, te provoca dor, mas é também o início de um novo ciclo mais sinestésico, vivido a plenos sentidos, como se um súbito momento de síntese permeasse o puzzle da vida e permitisse resolver o que há milhares de anos te faz esmorecer e de tédio adormecer.
Este eclipse dá-se no grau 8 de peixes. Sugiro-te que verifiques onde está este grau no teu mapa astrológico e que, de acordo com a sua posição, afines e eleves a tua vibração.
Alguns exemplos da minha visão do que pode ser activado na casa astrológica onde, no teu mapa, ocorrer o eclipse:
Eclipse na casa 1: Partem-se as lentes cor-de-rosa dos meus óculos. Já não me mascaro nem corro atrás da fantasia. Assumo a minha sensibilidade, expresso e vivo tudo.
Eclipse na casa 2: É a desilusão materialista. Abdico dos meus bens. Invento recursos, ponho-os a circular e vivo em abundância.
Eclipse na casa 3: O fim da mensagem desfocada e da mentira. A minha mente e imaginação não têm limites e uso-as para criar realidades verdadeiramente poéticas. A seguir ao verbo mágico, toda a magia se segue.
Eclipse na casa 4: Uma emoção imensa inunda a minha casa. Com o peso das águas, abrem-se os alçapões de toda a memória. Através das imagens passadas reconheço-me e reconecto-me com a Mãe do Mundo.
Eclipse na casa 5: Evapora-se o perfume do romantismo oco. Longe do que me inebriava, canalizo o oceano criativo que sou na direcção da arte e encanto.
Eclipse na casa 6: Dissolvem-se as oportunidades fáceis de escapismo diário. Deixo de fugir do verdadeiro trabalho. Ao serviço entrego-me totalmente.
Eclipse na casa 7: Voa para longe o véu de glamour com que te vesti. Já não vejo um fantasma nem suspiro por ti. Ao desenvolver real empatia, amo o que quer que sejas e assim aceito-te sem condições.
Eclipse na casa 8: As distracções escoam pelo ralo e o que estava submerso fica à vista e a nú. O poder da emoção já não oculta segredos de mim. Fundo, fundo-me contigo e com o que trazes; assim transformo e curo.
Eclipse na casa 9: Perco a esperança. Desisto de acreditar que a salvação está longe e um dia talvez venha de fora. Liberto-me da insatisfação e inspirada/o pelo alto, vou eu mesma/o em busca da minha visão.
Eclipse na casa 10: O caos e a desintegração descem sobre a montanha da minha profissão. Já não persigo falsos ídolos nem uma indefinição, assumo o que sonho fazer e respeito a minha missão.
Eclipse na casa 11: Dissipam-se falsas promessas e vejo-me desistir de um ideal impossível. Então misturo-me com um novo grupo e, guiada/o pelo sentir colectivo, projecto um sonho comum.
Eclipse na casa 12: Desaparecem os veículos doces e viciantes assim como os venenos para dormir. Sem expectativas, devoto-me à causa mais nobre que encontrar. Sou canal para a expressão de Deus e, se necessário, sacrifico.
Um feliz e criativo eclipse solar!