As perguntas de Mercúrio

Estava aqui a pensar nas perguntas parvas que me ocorrem, como a de hoje (porque é que não há concertos de assobio? E se assobiar na perfeição fosse valorizado como arte?) e então lembrei-me de esquematizar (só para ti que estudas Astrologia):

As perguntas de Mercúrio

Lá no fundo, o que é que o teu Mercúrio quer saber? Se o teu Mercúrio só tivesse uma maneira padronizada de perguntar, que tipo de perguntas faria?

 

  • Mercúrio em Carneiro: Já (…)?

Ex: Já está? Já dá? Já posso? Are we there yet? Quer apressar um novo estado, no mínimo quer ouvir o sinal de partida para arrancar do início a todo o gás e se possível chegar primeiro.

 

  • Mercúrio em Touro: Quanto…? Quão…?

Ex: Quanto custa? Quão suave? Quão desejável? Quer saber o valor, a quantidade e a sensação corpórea que o assunto em causa lhe provoca para então decidir se toma isso para si ou não.

 

  • Mercúrio em Gémeos: O quê? O que é? Ai sim? Why not?…

Quer perguntar (e experimentar) um pouco de tudo; mas saber não sei se quer, porque a dúvida é mais interessante do que o conhecimento e além disso surge sempre outra pergunta qualquer mesmo a tempo de atiçar uma nova curiosidade.

 

  • Mercúrio em Caranguejo: Como foi? Ainda (…) ?

Ex: Ainda te lembras? Ainda me amas? Ainda há rabanadas do Natal feitas pela avó? Como foi que aconteceu? Quer saber das histórias e das ligações ao passado assim como da possibilidade de lhes dar continuidade no presente para ter segurança.

 

  • Mercúrio em Leão: Sou …? É…?

Ex: Sou importante? Sou amado? É verdade que? É assim, é assado?

Quer saber sobre si e sobre o presente, o estado actual de cada situação para comandar com mais brilho.

 

  • Mercúrio em Virgem: Como?

Ex: Como funciona? Como se faz? Quer saber os detalhes operacionais para assimilar aos bocadinhos, aplicar e explicar.

 

  • Mercúrio em Balança: Quem? Qual? …, não é?

Quer informação para ponderar e escolher mas antes da decisão final quer saber se alguém (quem) valida a sua posição.

 

  • Mercúrio em Escorpião: Porquê?

Não ignora nada mas quer saber apenas uma coisa: o que está por detrás, a causa primeira, a informação essencial para chegar ao âmago da situação.

 

  • Mercúrio em Sagitário: Onde? De onde? Para onde? Sabias que…?

O importante é estar no fluxo do movimento, para tanto basta conhecer a direcção, de resto já sabe tudo (not!) e agora cabe-lhe ensinar, as perguntas são só de retórica para reflexão.

 

  • Mercúrio em Capricórnio: Para quê? Desde quando?

Quer saber a finalidade prática, se merece, se vale o esforço, se dá garantias – informação é ferramenta de gestão.

 

  • Mercúrio em Aquário:  Quando? Será que…?

Quer saber algo que lhe permita antecipar o futuro, prever cenários, inovar e fazer abstracções loucas, complexas e invariavelmente certas.

 

  • Mercúrio em Peixes: E se …?

Saber não quer. O saber é uma massa mole para distorcer em múltiplas alternativas, como quem molda plasticina. Não são gelatinosos os miolos? Pois! Então, até o saber mais duro pode entrar no molde das (im)possibilidades.

 

Agora, olha para a tua casa 3 que também gere interesses mentais. Qual é o signo na cúspide? Qual é o tipo de pergunta nesse signo? Assim já ficas com uma imagem mais completa das formas padrão com que as perguntas nascem dentro de ti.

 

E agora (só para hábeis corajosos), esquece o Mercúrio e a casa 3 e olha para todas as casas. Qual o signo em cada casa? Qual é o tipo padronizado de pergunta que a vida te faz relativamente aos assuntos dessa casa?

Happy? I am!

 

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Auto-Tudo, Auto-Nada

Viver é pessoal. O mapa astrológico também. Daí que nenhuma leitura monologada pode providenciar o “auto-conhecimento”, porque não é mais do que uma heteroavaliação que parte de preconceitos de quem o lê, por mais boa-vontade que tenha. Por isso não me faz sentido fazer relatórios nem gravações sem interacção com o indivíduo representado no mapa.

Consultas sim. Na consulta temos o MAPA e temos a PESSOA. O mapa astrológico é um meio para o diálogo entre a realidade e o potencial, uma ponte entre os mundos da circunstância concreta e do plano abstracto. O mapa não é um livro com uma história fechada lançado à nascença do indivíduo que possa ser lido ou escutado passivamente como quem clica no play de um áudio-book. Isso é uma fantasia “new-age”.

Auto-conhecimento não pode estar no mapa, muito menos no astrólogo que não é um “mecânico auto”. Autoconhecimento é o conhecimento de si por si mesmo, e isso só se consegue com os anos de rodagem, a vivência, a experiência pessoal, reflexão e introspecção periódica facultativa (IPF). Por isso, uma sessão de Astrologia não é um serviço chave na mão. Olhar para um mapa de estrada não é o mesmo que fazer o caminho. Mas é evidente que conhecer bem o mapa pode ser uma grande vantagem nos trilhos mais sinuosos e nas bifurcações sem placas.

O auto-conhecimento não se consegue olhando para o mapa, mas como a verdade está no paradoxo, o processo do autoconhecimento pode ser descrito/entendido através do mapa (onde, como, quando, com quem, desafiado, facilitado?). Tudo no mapa pode ser descrito como auto-qualquer coisa. Como a Astrologia é uma linguagem, qualquer palavra ou conceito (com ou sem “auto”) tem tradução em simbologia astrológica. Do autoclismo e da autópsia de Plutão, ao autógrafo do Sol, passando pela auto-comiseração de Neptuno e pelo auto-de-fé da Lua Negra…

 

Sol: autobiografia

Lua: auto-cuidado

Mercúrio: autoconhecimento

Vénus: auto-estima

Marte: auto-determinação

Júpiter: auto-confiança

Saturno: autocontrolo

Urano: autonomia

Neptuno: auto-sugestão

Plutão: auto-regeneração

 

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