In the Army now

Neste momento, a Lua faz nos céus de estafeta e passa o testemunho, ou as ordens, entre Plutão em Capricórnio (o poder das altas patentes) e Urano em Carneiro (o grupo dos soldados rasos). O herói, um dos soldados (Marte) ainda está no planalto (Sagitário) a entoar os últimos cânticos sagrados em prece por protecção, enquanto levanta a espada e a aponta lá para o fundo do vale, onde travou a última batalha sangrenta (Escorpião), e se vai preparando para lá regressar, desta vez com orientação superior, maior visão e sabedoria. Não podia estar mais longe do seu tesouro (Sol) e da sua princesa (Vénus); resta-lhe só a fé que irá regressar vivo e vitorioso a este mesmo planalto depois de derrotar o seu monstro lá em baixo.
Para mim, que sou carneiro com marte conjunto a saturno e albergo uma fuzileira ferida cá dentro, só me vem à cabeça esta que é a música de fundo dos meus dias mais duros. Farda vestida, balde de água fria pela cabeça abaixo e pontapé no cú para o gelo da noite. “Stand up and fight!You’re in the army now.”

Mercúrio estacionário em Touro

De tanto meditar comecei a levitar.

Esta prática da levitação é óptima para o show off new agy! Até já pensei organizar um workshop sobre o tema, com o título “Levite por si mesmo, em 34 saltos”. Mas depois ocorreu-me que bom, mesmo bom (muito melhor do que ensinar em workshops em que ninguém se inscreve) era dar a volta ao mundo em levitação!!! PLIM! “A volta ao mundo em levitação” – Não é genial? Claro! Pois, se a Terra dá uma volta sobre si mesma em 24h, basta-me permanecer 24h em levitação para ver todas as paisagens do mundo a girarem a meus pés! Confesso que logo a seguir a ter esta ideia comecei a ver, na minha tela de cinema interno, agências de viagens a falir, transportadoras aéreas transformadas em museus e os alojamentos rurais, típicos e naturais a florir, à medida que o turismo “Low Cost” ia sendo substituido pelo “No Cost”. Fantástico – pensei.

Como não me quis ficar pelo pensamento, fui de imediato traçar o plano para aproveitar esse momento. Então, domingo de manhã, com tudo préparado, saio de casa, não sem antes me despedir dos meus pais, afinal podia não os ver nunca mais… É que a minha falta de cultura é tal que não faço ideia se nesta latitude há conflitos aéreos, e se houvesse, poderia ser fatal: “Até amanhã!” – disse-lhes. “Onde vais? “. “Vou dar a volta ao globo!”. Cada um deles, incrédulo à sua maneira (o meu pai porque não me vê capaz de dar a volta ao globo e a minha mãe porque não me vê num globo capaz de dar a volta), disse-me, antevendo a minha morte, “Vai com cuidado, boa sorte”.
Então, fui e aqui estou, nas fotos, pronta para dar a volta ao globo, perto da Senhora do Salto em Paredes, onde decidi começar a viagem em levitação, no dia em que Mercúrio (planeta das pequenas viagens) virou directo. Cheguei, meditei, levitei (com a minha camarawoman a registar o momento do início da viagem, para ficar com um registo do meu feito épico, semelhante aquele em que um camaraman fotografou a missão Apolo 11 a aterrar na “lua” pela primeira vez, só que ao contrário), esperei, esperei… várias horas… E nada! Nada aconteceu, apenas o sol desceu muitos graus em relação ao meu horizonte. Mas eu… nao saí do sítio.

Não sei se foi o nível profundo de meditação em que me encontrava que me impossibilitou de sair do meu centro, se foi por Mercúrio ainda estacionário (no signo de todos o mais geocêntrico) estar muito lento, se foi a Terra que não se mexeu de todo e de facto, ou se foi por eu, apesar de levitar, ainda estar sujeita às leis de Newton, o Isaac…

Ok…eu não sou uma astronauta, não quero estar em falta e por isso posso dizer o que inventei: a verdade é que eu não levitei… Isto foi só um salto como se pode ver pelas mãos ao alto! Mas apesar de tudo sei que o Plano é perfeito e prová-lo-ia pudesse eu levitar ou voar a eito. Também daria tivesse eu um bom giroscópio e se a terra fosse um globo de gente viva, desperta, sem ópio.

Marte-Saturno em Sagitário

Para mim, que sempre vivi junto à praia, olhar para o mar não me dá nenhum arrepio especial, não tem, por exemplo, a mesma magia de uma caminhada na serra. No entanto, sob os céus incontornáveis do momento, com este T-Square mutável, que o Sol das próximas semanas vai transformar em Grande Cruz, é-me completamente impossível continuar a olhar para o mar com os mesmos olhos de sempre. O que vejo é que há lá, ao longe, mais qualquer coisa para descobrir, avistar ou re-pescar, antes de Marte, no regresso a Escorpião, nos levar ao fundo, a mergulhar. E nesta maré de me enredar, dou por mim inevitavelmente a reparar (“mil” planetas retrógrados – não é também para isso que servem?) que, quer faça zoom in (Júpiter em Virgem), quer faça zoom out (Neptuno em Peixes), o horizonte (Sagitário) é uma linha recta (Marte-Saturno) e está sempre, sempre ao nível do olhar.
E com esta verdade de la Palice até me podem querer fritar, mas sei que nao sou carapau! Nem sou pescada, apesar de me sentir, cada vez mais, com o rabo (ou a cauda) na boca e capaz de cuspir fogo!

Esta grande cruz é a mesma para todos, mas cada um que crie os seus horizontes, à sua maneira! Para desenhar o meu (horizonte) julgo, com geométrico rigor, que não irei precisar, nunca mais, de transferir dor!

The Horizon is a straight line.
Take a closer look, brother.
Analyse it deeply and take your time.
This is the new, stunning order!

A verdade da rotação

Enquanto estudo as teorias do Nicolau Copérnico, tento sentir-me à superfície de uma esfera gigante que gira continuamente à velocidade tangencial de 1700km/h, no equador… e o que é sinistro, no meio disto, é que, por mais que tente, por mais que invente, nem uma brisa… nem um fio de cabelo na minha farta trunfa se move…

Eis senão quando, descubro nada mais nada menos que o elixir da verdade da rotação que o Nicolau tomou: Terra Plana – Vinho Regional Alentejano! 0,75L depois, é garantido que se vê tudo a andar à roda! Não falha!
“In Vino Veritas”. Mais uma rodada e um brinde ao Copoérnico!
Cheers